Investigação em andamento na Operação Última Milha (Com informações da PF e Globo.com)
Tasso Franco , Salvador |
20/10/2023 às 12:58
Dólares encontrados na casa de um dos investigados
Foto: PF
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira (20/10), a Operação Última Milha para investigar o uso indevido de sistema de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial por servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Policiais federais cumprem 25 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva, além de medidas cautelares diversas da prisão, nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal. As medidas judiciais foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal.
De acordo com as investigações, o sistema de geolocalização utilizado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira. A rede de telefonia teria sido invadida reiteradas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos.
Além do uso indevido do sistema, apura-se a atuação de dois servidores da Agência que, em razão da possibilidade de demissão em processo administrativo disciplinar, teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão.
Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
25 Mandados de Busca e Apreensão:
17 DF (Brasíilia)
1 GO (Alexânia)
2 SP (1 São Paulo e 1 São José dos Campos)
2 PR (1 Curitiba e 1 Maringá)
3 SC (1 Florianópolis, 1 São José e 1 Palhoça).
2 Mandados de Prisão Preventiva: Distrito Federal
5 Mandados de Afastamento: Distrito Federal
GLOBO.COM
Segundo o Globo.com, o esquema de rastreamento ilegal de celulares pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), alvo da operação deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (20), inclui um uso "sistemático" da ferramenta durante o período eleitoral e um "cerco ao STF".
As informações foram passadas à TV Globo por investigadores ligados ao caso. Segundo um desses interlocutores, durante meses, a espionagem eletrônica rastreou "centenas de celulares" de quem frequentava o STF.
Além dos servidores do tribunal, foram monitorados advogados, policiais, jornalistas e os próprios ministros. A investigação identificou 33 mil acessos da localização telefônica dos mais diversos alvos.
Em nota após a operação, a Abin informou que instaurou um procedimento para apurar a questão, que todas as solicitações da PF e do STF foram atendidas integralmente, e que colaborou com as investigações desde o início.
Para não deixar vestígios, a "gangue Abin de rastreamento" – como vem sendo chamado o grupo pelos investigadores – apagou dos computadores a grande maioria dos acessos.
Até o momento, a Polícia Federal conseguiu levantar apenas cerca de 1,8 mil dos 33 mil acessos ilegais. A lista inclui um homônimo do ministro do STF Alexandre de Moraes – o que, segundo os investigadores, reforça a desconfiança de que o ministro tenha sido alvo do esquema ilegal.