Salvador

A AGENDA DE FRANCISCO, por dom JOSÉ RUY LOPES, bispo de Jequié

Pelo seu jeito de ser conseguiu o êxito de implantar fora da Igreja e trazer para dentro dela, uma “agenda positiva”
Dom José Ruy Lopes , Roma | 24/09/2013 às 09:21
Dom José Ruy Lopes com o papa Francisco em recente encontro em Roma
Foto: OR
   Seis meses de Pontificado, algumas alterações na Cúria Romana, nenhuma transformação na doutrina da Igreja, todavia, uma mudança de hábito incrivelmente gigantesca.

   Francisco não mudou o hábito papal. Continua com a veste pontifícia branca. Homem de Deus, instrumento de Paz. Mudou, sim, e muito, os hábitos rotineiros de um Sumo Pontífice. 

   Seu estilo despojado e sua simplicidade em gestos e muitas atitudes, tem encantado até mesmo os agnósticos e ateus. Ele é ele mesmo, apesar do cargo e da carga de conduzir uma instituição de dois milênios de existência. O Papa pode ser “o mais pop” do que seus antecessores. Mas, como os demais, ele não é produto da mídia. 

   Pelo seu jeito de ser conseguiu o êxito de implantar fora da Igreja e trazer para dentro dela, uma “agenda positiva”. Tão positiva que seus discursos e homilias primam por temas positivos, do bem que faz alguém ser amado, da felicidade em ser perdoado e como é bom fazer o bem para os outros saindo de si mesmo.

   Seu assessor de imprensa e irmão de hábito negro jesuítico, padre Frederico Lombardi, também conhecido como o rosto do Vaticano, quase saiu de cena. Deixou de administrar o jornalismo de crise e passou a ser um mero coadjuvante.

   Dificilmente mudará dogmas e pouquíssimo fará em relação a doutrinas. Porém, muito grande será o impacto do modo de ser Igreja, se ser cristão, de ser eclesiástico. Quem desfruta do amor gratuito e generoso do “abbá”, nada precisa além do Absoluto. Ele ensina com seu jeito de um jesuíta Francisco quea quem tem Deus nada falta. Só Ele basta.

   Fora da Igreja muito já sente. Dentro, nem tanto...

   Encontrar Francisco nada tem de especial. Não se vislumbra um místico ou profeta. Não se contempla um intelectual. Sua Santidade, ou melhor, a sua celebridade tem a ver com o ser humano que encontrou a sua própria essência e nela, a semente de Deus. 

   Encontrar Bento, o emérito ou o Magno, como alguns já o intitulam é encontrar o oposto, mas não a oposição. Encontrar Bento XVI é descobrir a magnitude de quem se deixou conduzir por Deus e fez história. Encontrar ambos é encontrar a Igreja.

   Juntar a síntese é encontrar as sendas do encontro com Jesus de Nazaré, o Cristo. Esta é a verdadeira agenda de quem quer viver positivamente até viver eternamente, feliz.