Salvador

3 OPERÁRIOS DE INTERNET SÃO MORTOS POR FACÇÃO EM BAIRRO DE SALVADOR

Há suspeita de que empresas onde trabalhavam não pagou pedágio ao crime por uso da internet
Tasso Franco , da redação em Salvador | 17/12/2025 às 14:56
Os três mortos
Foto: REP
  A morte de três técnicos de internet executados no bairro do Alto do Cabrito, em Salvador, na noite de terça-feira, 16, chocou a população devido à brutalidade do crime. De acordo com informações apuradas pelo Portal A TARDE, eles foram mortos por traficantes do Comando Vermelho (CV) pela falta de pagamento por parte da empresa para a qual eles trabalhavam.

A informação foi confirmada por uma fonte policial ao Portal A TARDE, que afirmou que a principal linha de investigação aponta que o crime pode estar relacionado ao não pagamento de taxas impostas por uma facção criminosa que atua na região. No entanto, a informação ainda não foi confirmada oficialmente.

Segundo um representante de uma das empresas do setor, que preferiu não se identificar, o Comando Vermelho (CV) teria implantado em Salvador e na Região Metropolitana um esquema semelhante ao do Rio de Janeiro, com cobrança de taxas sobre serviços de telecomunicações.

Ainda segundo a fonte, a facção já impõe a cobrança de R$ 15 por cada cliente atendido mensalmente. Além dessa taxa, o grupo passou a exigir também 40% do lucro anual das empresas que atuam em áreas sob seu domínio.

Esquema nacional

Esse mesmo esquema ocorre em âmbito nacional. Facções criminosas vêm expulsando pequenos provedores de internet de comunidades em diferentes estados para assumir, de forma clandestina, o fornecimento do serviço, atividade que se tornou uma das mais lucrativas do crime organizado.

AS VITIMAS 

Segundo a Polícia Civil, as vítimas foram identificadas como Ricardo Antônio da Silva Souza, de 44 anos, Jackson Santos Macedo, de 41, e Patrick Vinícius dos Santos Horta, de 28. Os três usavam fardamentos da empresa e se preparavam para fazer um serviço no bairro quando foram mortos.

A TV Bahia apurou que os três homens estavam na rua, quando foram abordados por homens armados. Informações iniciais apontam que o crime teria sido motivado pela falta do pagamento de um "pedágio", uma espécie de autorização que a empresa em que as vítimas trabalhavam teria que ter de traficantes da região. No entanto, a polícia não confirma essa versão passada por moradores.

De acordo com a instituição, o crime é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e ainda não há informações sobre a autoria e motivação dos assassinatos.

Nas redes sociais, a empresa Planet Internet lamentou as mortes do funcionários.

"Neste momento de imensa dor, nos solidarizamos com os familiares, amigos e colegas, desejando força, conforto e serenidade para atravessar essa perda irreparável. Eles deixam uma trajetória marcada por dedicação, companheirismo e contribuição importante para todos nós".

"Que suas memórias permaneçam vivas em nossos corações. Que Deus traga conforto a todos", afirmou a empresa.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) afirmou que localizar os autores do crime é "prioridade" para o órgão e que fez uma reunião na manhã desta quarta-feira (17), com representantes das empresas prestadoras de serviço, onde foram repassadas informações para integrantes das polícias Militar e Civil.

Após a reunião, pessoas que trabalham com a instalação de internet protestaram na Avenida Paralela, uma das principais de Salvador, próximo da entrada da Avenida Luís Eduardo Magalhães. Os trabalhadores ocupam apenas uma das faixas da pista. O trânsito é lento na região.

A SSP-BA informou que nas últimas 12 horas, buscas foram realizadas na região do Alto do Cabrito, que também teve a segurança reforçada.

“É prioridade número um a localização destes covardes, que de forma desumana retiraram a vida de três trabalhadores. Todos os recursos serão utilizados na identificação e localização destes indivíduos”, contou o secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner.

A secretaria acrescentou ainda que informações sobre os autores podem ser enviadas, com total sigilo, através do telefone 181 (Disque Denúncia). A ligação é gratuita e o anonimato é garantido por lei.