Salvador

COMERCIANTES prometem fechar Feira de São Joaquim diante atraso obras

São dois anos de obras e até hoje nada foi concuido
RV , Salvador | 15/09/2013 às 16:06
Obras não saem do lugar em São Joaquim
Foto: DIV
Os comerciantes da Feira de São Joaquim prometem cruzar os braços, nesta terça-feira (17), em protesto ao atraso das obras de requalificação da mais tradicional feira de produtos populares da Bahia e considerada uma das maiores feiras da América Latina. Cerca de 7 mil feirantes vão participar, a partir das 6 horas, de uma manifestação em frente ao local, na Avenida Oscar Pontes, no Comércio.

De acordo com o presidente do Sindicato de Feirantes e Ambulantes de Salvador (SindFeira), Marcílio Costa, os feirantes cobram uma audiência com o governador Jaques Wagner para definição e cumprimento de um cronograma “exequível” para a conclusão das obras, que estão atrasadas há mais de 1,6 ano. “Nós cumprimos o cronograma rigorosamente, saímos no dia 20 de janeiro de 2012 e, conforme estabelecido com a Conder, era para que a primeira das seis fases da terceira e última etapa (que previa a instalação de uma completa infraestrutura e novas unidades comerciais) fosse concluída em oito meses, o que não ocorreu e continuamos no galpão provisório, trazendo prejuízo a todos os feirantes, quase levando à falência”, explica o feirante, ressaltando que a Feira de São Joaquim – indicada para ser Patrimônio Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) – é responsável pelo centro de distribuição de toda a agricultura familiar do Recôncavo Baiano, alimenta o comércio de bairro, atende todos os terreiros de Salvador e a classe menos favorecida, além de garantir a preservação da cultura afro-brasileira.


Segundo ainda o presidente da Associação dos Feirantes de São Joaquim, Nilton Ávila, a Conder se recusa a fazer um cronograma definitivo e, pela falta de diálogo e de articulação do governo estadual, os feirantes temem que o dinheiro do convênio firmado com o Ministério do Turismo tenha que ser devolvido. “É mais uma obra com recursos federais já disponíveis na Caixa Econômica Federal e não sai do lugar. Existe a verba e até hoje os projetos da última etapa de requalificação não foram aprovados pela Caixa por falta de articulação e incompetência da Conder”, declara “Gago da Feira”, como é mais conhecido em seus mais de 40 anos dedicados à feira, que já se chamou “Feira do Sete” e “Água de Meninos”.

Iniciada em 2011 e com previsão de conclusão no primeiro semestre de 2014, a reforma da Feira de São Joaquim foi dividida em três etapas e possui o aporte de cerca de R$ 60 milhões (governos estadual e federal). As obras da terceira e última etapa estão sendo executadas pela Companhia de Desenvolvimento Urbano (Conder), através do consórcio LJA/GD – quarta empresa a assumir o processo de requalificação da feira. 

Conforme dados das secretarias estaduais de Turismo (Setur) e de Desenvolvimento Urbano (Sedur, a primeira etapa consistia na reforma da área de atacadistas e grossistas, além da construção de um galpão em uma área da Codeba em dezembro de 2011 para a transferência dos feirantes em de janeiro de 2012. A segunda previa obras na área da enseada São Joaquim em 2013. Já a terceira etapa iniciada neste ano foi dividida em seis fases com a instalação de uma completa infraestrutura e novas unidades comerciais e sua conclusão total, anunciada pela Conder em agosto deste ano, está prevista para o primeiro semestre de 2014 – no entanto, nem a primeira fase foi concluída ainda.