Salvador

IVETE Sacramento recebe homenagem pela vitória das cotas na UNEB

Homenagem a Ivete será no auditório da Casa do Comércio, nesta terça-feira, 20h
Tasso Franco , da redação em Salvador | 30/10/2012 às 10:40
Ivete Sacranento, ex-reitora da UNEB no governo Paulo Souto
Foto: BJÁ
Pioneira na implantação das cotas raciais no Brasil, a professora Ivete Sacramento, ex-reitora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), vai ser homenageada nesta terça-feira (30), por entidades nacionais e internacionais ligadas à educação e à luta pela igualdade racial. A homenagem vai ser às 20h, no Auditório da Casa do Comércio, em Salvador, com a presença de personalidades que também se destacaram na luta pela democracia  racial, no Brasil.

“No momento em que as cotas raciais foram reconhecidas como constitucionais e o Congresso e a Presidência da Repúnblica transformaram em lei é mais que justo que alguém que deu o primeiro passo significativo para a sua concretização, receba o reconhecimento da sociedade do nosso país”, avalia  Antônio Carlos Vovô, presidente do Ilê Aiyê, o mais antigo bloco afro do país e uma das entidades que participam da homenagem à ex-reitora da UNEB.

Ivete Sacramento foi reitora da UNEB, no período de 1998 a 2006. Em 2002 ela surpreendeu o país a implantar as cotas para estudantes negros na universidade, dando início a uma polêmica e disputas juridicas em todo o país, que perdurou até este ano, com a constitucionalidade das cotas reconhecida por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na Bahia, a medida adotada na UNEB foi seguida pelas demais universidades estaduais e pela Universidade Federal da Bahia. 

“Na época fomos tidos como autoritária. Ninguém sabia de fato o que eram ações afirmativas, o que eram medidas de reparação e porque estávamos buscando pôr em prática as cotas.  Mas tínhamos o respaldo de uma realidade denunciada por uma pesquisa do IPEA, mostrando que apenas 1% dos negros estava nas universidades. Fiz uma pesquisa semelhante  na UNEB. Num universo de 55 mil vestibulandos, apenas 1.500 se declararam negros, dos quais apenas 116 foram aprovados. Precisávamos agir e a UNEB se tornou a primeira universidade a colocar em prática o sistema de cotas”, ressalta Ivete Sacramento, a primeira negra a ser reitora de uma universidade brasileira. 

Dez anos após a sua implantação, a UNEB já formou mais de 14 mil alunos cotistas nos seus cursos de graduação. Outros 2 mil alunos foram formados nos cursos de pós-graduação, cujas cotas também foram implantadas em 2012.

Na UNEB, além das cotas raciais, Ivete Sacramento ampliou  de 13 para 24 o número de campus, atingindo a 24 cidades,  permitindo aumentar de 46 para 89, o número de cursos oferecidos e com isso triplicando as vagas para alunos na universidade, que saltaram para mais de 4 mil. A atuação da ex-reitora em defesa da democratrização do ensino superior foi reconhecido no Brasil e no exterior. São mais de 30 prêmios e condecorações, como o Prêmio Cláudia 2007, na categoria políticas públicas; a Medalha 2 de Julho, concedida pelo Governo da Bahia, a Medalha Tomé de Souza, da Câmara de Salvador e o Prêmio Direitos Humanos 2003, da Presidência da República.