Salvador

Portugal explica contrato milionário com SEC para dar "aulões"

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| 28/06/2012 às 11:05
Jorge Portugal está sendo duramente criticado pela APLB/Sindicato
Foto: SECOM
Após a Secretaria Estadual de Educação (SEC) justificar o valor do contrato celebrado entre a pasta e a Abaís Conteúdos Educativos & Produção Cultural Ltda. (ver aqui), o diretor da empresa, professor Jorge Portugal, resolveu se pronunciar e justificar as cifras que ultrapassam a casa do milhão, com vistas à realização de aulas de preparação para o Enem para alunos do 3º ano da rede pública de ensino.

Em entrevista ao Metro1, na quarta-feira (27), Portugal afirmou que a vultosa quantia de R$ 1.591.774,80, com recursos oriundos da SEC, se explica, entre outras coisas, pela qualidade dos docentes contratados para dar as aulas. "São professores que trabalham na rede particular, em colégios de ponta. De Anchieta, de Grandes Mestres, de Mendel, e que estão acostumados a ganhar bem", afirmou o empresário e educador, durante o aulão inaugural na Escola Parque, na Caixa D'Água.

Discrepância - Ainda segundo ele, o contrato vai contemplar 32 assuntos, em 384 aulas. Nestas, cada professor irá ganhar R$ 250 por hora de explanação. "Eles não aceitariam ganhar menos. Esse número parece assustador, mas é nada perto dessa dificuldade social que você viu aí", complementou.

Para se ter uma ideia da discrepância no valor pago aos mestres, um professor da rede estadual de ensino ganha, em média, apenas R$ 8,40 por hora-aula, segundo estimativa do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB-Sindicato). Assim, cada educador da rede particular que lecionar no projeto de Portugal, financiado com verba pública, irá ganhar 30 vezes mais que um professor do estado, de braços cruzados há quase 80 dias em luta por melhorias salariais.

Para o professor Jorge Portugal, o valor é um investimento na educação. "Você vai concordar comigo que a grande pobreza da mentalidade brasileira é achar que a educação é custo e não investimento. Quando é para o rico, é investimento; quando é para o pobre, é custo", defendeu, ao tentar se esquivar das polêmicas que envolveram as cifras aportadas no projeto, definido pela SEC como "emergencial".

"Respeito todos os professores da rede estadual, mas os estudantes precisam ter aula, e nós vamos apoiar [os alunos]", emendou Portugal, que também defende o reajuste da categoria na rede pública de ensino: "Os professores têm que ganhar bem, mesmo. E não é 22% não [de reajuste]. É mais do que isso". (Metro1)