A festa começou por volta das 13h20, e o público fantasiado foi uma atração à parte. Eram gueixas, baianas, misses e sósias de celebridades que desfilaram e pararam diante de dezenas de máquinas fotográficas dos curiosos na avenida Paulista.
Com orçamento menor --R$ 120 mil a menos-- 14 trios elétricos desfilaram neste ano --em 2011 foram 16. Sem divulgar números, policiais ouvidos pela Folha disseram que o público parece ter sido menor que no ano passado.
Só no trecho da avenida Paulista, a GCM (Guarda Civil Metropolitana) apreendeu 178 litros de vinho químico, 480 latas de cerveja, 320 latas de refrigerantes e 31 águas. O material estava com ambulantes irregulares. O balanço parcial não contabiliza o material recolhido na região da República e da Consolação. Além das bebidas, três veículos foram apreendidos porque estavam com documentação irregular.
Não houve registro de incidentes durante o desfile. Boa parte dos atendimentos médicos ocorreu devido ao consumo excessivo de bebidas.
Para garantir a segurança, cerca de 1.500 policiais militares (alguns à paisana) e 600 guardas e policias civis foram deslocados para a região. Além disso, o monitoramento contou com cerca de 20 câmeras fixas espalhadas pela área.
A PM e a organização do evento não divulgaram o número de pessoas que participaram da Parada neste ano.
FESTA
A concentração começou pela manhã. O primeiro trio começou a desfilar na Paulista por volta das 13h20, e o último entrou na Consolação com destino à praça Roosevelt por volta das 16h. Uma hora depois, os participantes já deixavam a região, e os garis começavam a limpeza da via.
Moradores da região reclamaram do lixo e do barulho, mas muitos também aproveitaram para se divertir.
"Tem orelhão quebrado, muito lixo e sexo em caixa eletrônico. O barulho também atrapalha bastante, principalmente para a minha avó e a minha filha, que não conseguem dormir", disse a vendedora Maria Helena Saba, 29. Sem descanso, ela chamou dois amigos gays para acompanhar a Parada Gay da varanda do seu apartamento.
TOM POLÍTICO
O tom político marcou a abertura do evento. "[A Parada] não é só festa, as pessoas precisam se manifestar politicamente. O público gay tem uma maneira divertida e peculiar da fazer política", disse Thiago Torres, 30, produtor da APOGLBT (Associação da Parada do Orgulho GLBT), que organiza a Parada.
Os organizadores e público pedem a aprovação do projeto de lei 122/06, que há seis anos tramita no Senado e pede a criminalização da homofobia. O grupo também quer a aplicação do projeto Escola Sem Homofobia, voltado a professores da rede pública.
Antes do primeiro trio elétrico iniciar o desfile, falaram ao público o presidente da APOGLBT de São Paulo, Fernando Quaresma, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) e o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ). Também estiveram na abertura da Parada o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o ex-ministro do Esporte Orlando Silva e a pré-candidata à Prefeitura de São Paulo, Soninha Francine (PPS).
FANTASIAS
Alguns participantes investiram até R$ 1.000 na produção, como o bailarino José Roberto Cruz, 39. Ele saiu de Niterói (RJ) para participar pela primeira vez do evento em São Paulo, com figurino de Michael Jackson.
Fantasias detalhistas e usadas em grupo são as que mais se destacam na multidão. Um grupo com 11 pessoas amarradas umas nas outras, maquiadas e vestidas de felinos, foram perseguidas por admiradores pela avenida Paulista.
Cristina Moreno de Castro/Folhapress | ||
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Fantasiados de gatos, grupo tira foto com participantes da Parada Gay de São Paulo, na avenida Paulista |
A chef de cozinha Amanda Lapore, 31, participa da Parada de São Paulo pela quinta vez. Fantasiada de natureza com um vestido longo e verde, decorado com flores e plumas, ela conta que levou três dias para produzir sua própria fantasia e gastou cerca de R$ 500 com os adereços.
"É um dos poucos dias do ano que as pessoas valorizam o que a gente faz e a gente se sente bem", disse Amanda enquanto uma fila se formava diante dela para fotografá-la.
O enfermeiro Edgard Manenti, 40, também se vestiu de Peter Pan, uma homenagem a Michael Jackson. Esta é a quarta vez que Manenti sai de Guarujá para participar da parada. "É uma diversão", disse. "Não tem caráter politico, mas sim de entretenimento."
Mx Ortiz, 42, foi à festa na avenida Paulista representando os ursos, grupo que não segue o padrão de corpo torneado em academia.
"A imagem do gay era de homens másculos. Mas a gente tem que aceitar o físico que tem", comentou Ortiz, que trabalha no Ministério da Educação argentino. (Folha)