Salvador

MACARRÃO DIZ QUE BRUNO JÁ TENTOU SE MATAR VÁRIAS VEZES NA CADEIA

vide com informaões do Terra
| 17/09/2010 às 18:00
Abatido, hoje, Bruno desmaiou no Fórum de Jacarepaguá
Foto: Alex de Jesus

Luiz Henrique Romão, o Macarrão, disse nesta sexta-feira no Fórum de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, que o goleiro Bruno Souza tentou se matar "várias vezes" na cadeia. O goleiro e seu amigo estão presos desde julho por suspeita de envolvimento no desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-amante do atleta.


Durante audiência de instrução e julgamento do processo de sequestro e lesão corporal movido pela ex-amante, Macarrão e Bruno deveriam ser ouvidos, mas exerceram o direito de permanecerem calados. Macarrão apenas disse não aguentar mais a situação de estar preso e que o amigo teria tentado o suicídio. Após isso, Macarrão afirmou que não falaria mais nada.


De acordo com o Ércio Quaresma, advogado de defesa de Bruno e Macarrão, o goleiro teve nove desmaios e teria tentado se matar duas vezes nos últimos seis dias. O advogado afirmou ter ficado sabendo das supostas tentativas de suicídio durante conversa com Macarrão na audiência de hoje, e que desconhece o motivo dos desmaios de Bruno.


Macarrão, que divide a cela com Bruno no complexo penitenciário de Bangu, teria impedido o goleiro de tomar em excesso os medicamentos prescritos pelos médicos do sistema carcerário de Minas Gerais. Bruno também teria começado a fazer uma "teresa", espécie de corda amarrando a ponta dos lençóis, com o objetivo de se enforcar.


Quaresma afirmou que o abatimento de Bruno é visível e que tentou dar conselhos a ele. O advogado teria dito: "Não é praticando o autoextermínio ou assumindo algo que não fez que você vai livrar a cara de ninguém".


Quaresma afirmou ainda que solicitou a Macarrão que tomasse conta do goleiro. De acordo com o advogado, que disse que vai solicitar cuidados psiquiátricos para Bruno, ambos devem ser transferidos para Minas Gerais na segunda-feira. "Os arautos da desgraça alheia conseguiram seu objetivo de tirar o sorriso de Bruno", afirmou.

Hoje, foram ouvidos 15 testemunhas de defesa, entre elas a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, o diretor de futebol do clube, Zico, além do jogador Leonardo Moura e do ex-atleta rubro-negro e treinador de futebol, Andrade.


O caso


Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.


No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá.

A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.


Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.


No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.


No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação da atual amante do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.