Bruno e Macarrão deixaram o presídio Nelson Hungria, em Contagem (MG), por volta das 9h desta quinta-feira, e decolaram pouco antes das 10h no hangar da Polícia Civil no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte.
O avião que transportava a dupla pousou às 10h47min desta quinta-feira no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Um forte esquema de segurança foi montado no aeroporto. Seis viaturas das polícias Civil e Militar foram posicionadas nas proximidades do terminal. Aproximadamente 30 policiais foram mobilizados no aeroporto, além de uma escolta armada com cerca de oito homens.
O goleiro e seu amigo saíram do aeroporto em um comboio de três viaturas por volta das 11h. O goleiro embarcou no primeiro veículo, enquanto seu amigo entrou no seguundo. O terceiro veículo é ocupado apenas com policiais armados.
O primeiro destino da dupla foi o Instituto Médico Legal (IML), na região da Leopoldina, na zona portuária do Rio, para exame de corpo delito. Ao chegar ao IML, Bruno desceu do camburão com uma bíblia na mão. Os dois deixaram o prédio às 11h05, em direção ao Fórum da Taquara, em Jacarepaguá, onde chegaram às 11h55.
A primeira audiência do processo, que tramita na 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá, está marcada para as 14h desta quinta-feira. Ela será de instrução e julgamento, e o juiz Marco José Mattos ouvirá apenas as cinco testemunhas de acusação convocadas pelo promotor Eduardo Paes, do Ministério Público. Mesmo não sendo ouvidos pelo magistrado na quinta-feira, Bruno e Macarrão têm o direito de presenciar a audiência.
As testemunhas listadas pelo advogado Ercio Quaresma, que defende o goleiro e o amigo, serão ouvidas em outra audiência, ainda sem data definida.
A defesa de Bruno indicou oito testemunhas, entre elas a própria Eliza e os jogadores Adriano e Vagner Love. No entanto, a convocação dos três foi negada pelo magistrado. Bruno terá cinco testemunhas e Macarrão, oito. Os dirigentes do Flamengo, Patricia Amorim e Zico, e Léo Moura, jogador do clube, estão entre as testemunhas chamadas por Ércio.
Entenda o caso
Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação da atual amante do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.