Para comemorar o terceiro aniversário do jornal Aurora da Rua, moradores de rua animarão um trio elétrico pelas ruas do Centro de Salvador. A façanha integra a programação do Festival Arte Rua, que será realizado nesta terça-feira, dia 27 de abril, no mesmo lugar em que foi lançada a publicação há três anos: a Praça da Piedade. Durante a manhã, o público poderá conferir uma exposição sobre a trajetória do jornal, montada em cima de carrinhos de catadores de papelão. E à tarde, às 13h, começa a concentração para saída do trio, que seguirá até a Praça Castro Alves, arrastando foliões do Aurora e os carrinhos com a exposição.
A celebração do aniversário do Aurora da Rua entra em sintonia com os 60 anos de criação do Trio Elétrico de Dodô e Osmar. O trio da população de rua remeterá aos carnavais dos anos 50, oferecendo à cidade do Salvador a oportunidade de constatar o estilo artesanal e bem genuíno daquela época.
A comemoração do aniversário começou dia 26 de março, com uma sessão especial na Câmara Municipal, acompanhada de uma exposição sobre o Aurora da Rua no Centro de Cultura da Prefeitura. Além de celebrar o terceiro ano da existência do único jornal de rua do Nordeste, a festa comemora a participação de todos os vendedores que, de alguma forma, descobriram uma nova possibilidade de vida; e de todos leitores que aprenderam a respeitar e reconhecer os valores da cultura de rua. Portanto, o festival é a forma encontrada para unir, em um único momento, toda vivacidade, conquistas e riquezas apresentadas ao longo desses três anos de trajetória.
O projeto
O Aurora da Rua é vendido exclusivamente por moradores de rua que, após se capacitarem como vendedores, comercializam cada exemplar por R$ 1,00 e ganham 75% deste valor. Durante os três anos, foram capacitados 67 vendedores. "Como vendedor, eu reencontrei o meu espaço na sociedade. Pago o aluguel do meu quarto. Tenho dignidade, sonhos. Estou vivendo", conta José Ronaldo, mais conhecido como "Rhuna", 40 anos.
Todo o material jornalístico é produzido a partir do olhar dos moradores de rua. Por meio de oficinas de texto e de arte, eles participam da elaboração de cada edição: definem pautas e enquadramento de matérias, expõem opiniões, experiências e revelam seus dons artísticos e literários. O resultado é um jornal diferente, que convida o leitor a conhecer as particularidades da população de rua, cujo valor da vida é negligenciado pela sociedade.