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Nilza Sales Santos, 33 anos, nove filhos, em situação dramática em Lauro de Freitas
Foto: Danilo Magalhães
A Prefeitura de Lauro de Freitas está transferindo as
famílias que foram abrigadas em quatro escolas para outros espaços. Toda a
rede municipal de ensino volta a funcionar nesta segunda-feira, 19. Com a
trégua das chuvas e a previsão favorável para esta
semana, a cidade começa a voltar ao normal. Hoje, domingo, a prefeita Moema
Gramacho visitou os nove estabelecimentos que acolhem desabrigados e
explicou as providências que estão sendo tomadas. "Quem perdeu sua casa ou a
casa não oferece condições para o retorno poderá ficar no bolsa-aluguel",
disse a prefeita.
Parte dos desabrigados já estão cadastrados no Programa Minha Casa Minha
Vida e terão prioridade para receber o imóvel. Até o final do ano deve ser
entregue o primeiro conjunto do município, o Vale do Picuaia, com 1.132
unidades. A prefeita informou que conseguiu junto a Caixa a liberação do
FGTS para quem teve a casa afetada pelas chuvas, até o valor de R$4 mil. A
Caixa também vai agilizar a liberação de R$12,4 milhões para obras de
drenagem nos locais mais afetados pelos temporais.
Desses recursos, R$6 milhões serão aplicados nas obras do desvio do Canal
dos Irmãos, córrego que transborda sempre que chove e causa os alagamentos
na avenida Luis Tarquínio, entrada de Vilas do Atlântico, e na Boca da
Mata, em Portão, onde a água subiu mais de um metro dentro dos imóveis.
Outros quatro pontos receberão obras. A Lagoa da Base será dragada. A área
foi aterrada ao longo dos últimos 30 anos e ocupada por moradias precárias.
Todo vez chove a água volta a seu leito, derrubando casas e desabrigando
famílias. Na localidade já está em andamento um projeto do PAC, no valor de
R$18 milhões, executado pela Conder.
Com o PAC serão construídos três conjuntos habitacionais, com 296 unidades,
198 unidades sanitárias e melhorias em outras 585 moradias. O projeto prevê
creche e escola. As 25 ruas previstas no projeto já foram drenadas e
pavimentadas. A duas lagoas, depois de drenadas, receberão parque infantil,
pista de Cooper e área de ginástica, espaço de lazer e área de convivência.
"Com este projeto, governo federal, estado e município resgatam o direito a
uma moradia digna para centenas de famílias nessa localidade. É uma obra que
vai impactar em toda a região do centro da cidade até a orla", destaca a
prefeita.
ABRIGOS
Das 120 pessoas abrigadas na Escola Vila Praiana, mais da metade é criança.
Enquanto a meninada brincava com os recreadores dos Programas Escola Aberta
e Segundo Tempo, os adultos conversavam com a prefeita Moema Gramacho e o
coordenador da Defesa Civil local, Ápio Vinagre. Muitas reivindicações, mas
também o reconhecimento de que o esforço da prefeitura está conseguindo
amenizar o drama das famílias atingidas. A Prefeitura, com apoio da Defesa
Civil do Estado e Voluntárias Sociais, distribuiu colchões, cobertores e a
alimentação - café da manhã, almoço e janta. Em alguns abrigos, as famílias
contam ainda com a solidariedade de vizinhos menos atingidos pelo temporal.
Nilza Sales Santos, 33 anos, mãe nove filhos com idades entre 17 e 1 ano e 2
meses, está abrigada na escola Vila Praiana. A família foi morar na Ocupação
do Japonês, depois de ficar desempregada e não ter mais condição de pagar
aluguel. O barraco foi destruído pela chuva. Com a filha caçula no colo, uma
criança especial, ela conta que sua única renda é R$ 134,00, do Bolsa
Família e os trocados que o filho de 17 anos ganha como ajudante num postos
de gasolina.