Salvador

LAURO DE FREITAS: MUNICÍPIO ILHADO E PREJUIZOS PASSAM DE R$40 MILHÕES

Vide
| 15/04/2010 às 11:41
Ruas desertas e população isolada em suas residências
Foto: Danilo Magalhães
   Chuvas fortes voltaram a castigar o município de Lauro de Freitas nesta
quinta-feira (15), deixando inúmeras localidades literalmente debaixo
d´água, como Villas do Atlântico, Lagoa da Base e Portão, em local conhecido
como Sempre Verde. O Rio Ipitanga transbornou na altura do Lojão Insinuante e o trânsito está um caos na área. 

  Na Lagoa da Base, apenas os barcos se tornaram meios de
transporte seguro e a prefeita Moema Gramacho apelou a todos que não
desafiassem a força das enchentes, evitando os pontos mais críticos. Até
ontem, as estimativas de prejuízo eram de R$ 40,19 milhões, sem contabilizar
os danos causados pelo temporal de hoje.

  No centro da cidade, ontem, o Rio Ipitanga que corre paralelo a Estrada do Coco
transbordou. De acordo com a Defesa Civil local, o maior volume de chuva
coincidiu com a maré alta no final da tarde, agravando ainda mais a
situação. A estimativa é que tenha chovido mais nesta tarde do que nos
quatro dias da semana passada, cujos estrados já haviam levado a Prefeitura
a decretar estado de emergência no município.

  AJUDA

   No final da tarde de ontem, a Prefeitura apelou aos proprietários de barco para que
ajudassem a recolher as famílias ilhadas. Desde cedo, barcos de pescadores
da Colônia Z 57 já estavam á disposição da Prefeitura, retirando idosos e
crianças do Sempre Verde, em Portão. No início da noite, a água cobriu a
ponte no Km 4 da Estrada do Coco, impedindo o trânsito, e a Polícia
Rodoviária Estadual avaliava se seria necessário interditar a pista.

Na avenida Luis Tarquínio, principal rua comercial local, a água invadiu
lojas e danificou veículos e equipamentos. A Mário Epinhgaus, que dá acesso
a Praia de Ipitanga, foi interditada pela Secretaria Municipal de Trânsito e
Transporte. "Os ônibus não passam, não tem jeito de chegar em casa. E de
carro é ainda mais complicado", disse a administradora Janaína Lemos, que
mora em Ipitanga.
 
"Próximo de minha casa, o rio Sapato provavelmente deve
ter transbordado. E estou ainda mais preocupada, pois meus filhos estão em
casa com a empregada", disse a administradora, que tentava, depois de quatro
horas, chegar em casa. No final de linha dos ônibus, no Centro da cidade, a
Rua dos Vereadores (no loteamento do Jockey Club) e no loteamento Miragem,
em Buraquinho, a água invadiu casas e assustou moradores.

VOLUME DE ÁGUA

"Moro aqui há mais de 20 anos e nunca vi um volume de água como este. Foi
muita água em poucas horas e com o solo já encharcado e a maré alta, o
resultado é este caos que estamos vivendo", afirmou o aposentado Osvaldo da
Silva, morador de Buraquinho. O vendedor Robertino dos Santos, que mora na
Lagoa da Base com a esposa e um filho, disse que a noite desta quarta-feira
seria de "total desespero". "Todas as casas aqui estão debaixo d´água",
disse Robertino. Ele contou que a água já havia passado de um metro de
altura.

No local, as duas bombas de sucção colocadas pela Secretaria Municipal de
Infraestrutura para tirar água das ruas não deu vazão ao volume que invadiu
casas. Equipes da Secretaria de Serviços Públicos, de Assistência Social e
Cidadania e da Defesa Civil se desdobraram no atendimento à população dos
locais mais críticos. A Defesa Civil ainda não tem o número exato de
famílias abrigadas no Terminal Turístico de Portão, Escola de Areia Branca,
Colégio Jardim Talismã e Escola de Cadetes. Associações de Moradores de
várias localidades abriram suas portas para abrigar moradores desalojados
pela chuva.

Remoção

O secretário de Governo e coordenador da Defesa Civil, Ápio
Vinagre, que atuou pessoalmente no socorro às pessoas ilhadas e vítimas dos
deslizamentos e quedas de árvores preparou o documento de Avaliação de Danos
(Avadan) que será enviado às defesas civis da Bahia e da União como
justificativa para o estado de emergência decretado pela prefeita Moema
Gramacho, na sexta-feira.
 
Ele destacou ainda que a prefeitura fará estudo
dos riscos nas áreas mais vulneráveis e vai retirar dos locais aqueles que
ocuparem áreas que sejam condenadas para moradia. "Nas encostas, as pessoas
ocupam e fazem também intervenções nos taludes, o que deixa as encostas
ainda mais instáveis", exemplificou Ápio.

Vinagre comparou o número de registros de quatro dias de chuva da semana
passada, com os três meses deste ano. "De janeiro para cá a Defesa Civil
atendeu 300 ocorrências na cidade, mais da metade deles ocorreram apenas nos
quatro primeiros dias de chuva da semana passada", destacou o secretário e
coordenador da Defesa Civil, que ainda não tinha números sobre os registros
desta quarta-feira.