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Servidores da SESP usam bomba para retirar água da Lagoa da Base, em Lauro
Foto: João Raimundo
A prefeita Moema Gramacho decretou estado de emergência no município de
Lauro de Freitas em decorrência das chuvas intensas, descargas elétricas e
fortes ventanias, que ocasionaram alagamentos, quedas de árvores e
transbordamento de rios em vários pontos da cidade, destelhamento, queda de
muros e rachaduras de paredes em imóveis privados e públicos. Análises
preliminares apontam prejuízos da ordem de R$ 30 milhões. A prefeitura deve
enviar relatório da situação do município aos governos estadual e federal.
Desde o dia 8, choveu na cidade certa de 180 milímetros. A chuva também
causou danos em vias públicas.
Até este sábado, foram contabilizadas 70 pessoas desabrigadas na cidade.
Trinta estão na Escola Municipal Edvaldo Boaventura, oito no Terminal
Turístico de Portão e outras 32 na Associação de Moradores de Areia Branca.
Moema Gramacho disse que o número de pessoas que precisarão deixar
residências localizadas em zonas de risco será maior, mas afirmou que não há
motivo para pânico. É destinado a estas pessoas bolsa-aluguel no valor de R$
200, e todas as pessoas prejudicadas pelas chuvas iniciadas na quinta-feira
podem se alojar em abrigos disponibilizados pela prefeitura.
"Só depois que a chuva parar, poderemos mensurar o prejuízo total",
ressaltou a prefeita Moema Gramacho. Somando-se as solicitações feitas à
Defesa Civil e à Secretaria de Serviços Públicos (Sesp) chega-se a um total
de 180 ocorrências, sem contar com solicitações diretamente encaminhadas à
Secretaria de Infra Estrutura, onde, hoje pela manhã, 44 funcionários se
desdobravam para atender às chamadas. A Defesa Civil distribuiu 3.200 m² de
lona para contenção de encostas e cobertura de casas.
A prefeita ressaltou que muitos dos pontos onde houve alagamentos precisam
de serviços de microdrenagem e reiterou que as verbas solicitadas devem ser
suficientes para repor os danos. Em maio de 2009, foram solicitados também
R$ 30 milhões em decorrência das chuvas, e o governo federal liberou R$ 7
milhões que foram investidos em obras de contenção de encostas, recuperação
de vias e micro-drenagem. "Onde estas obras foram realizadas não
identificamos mais estes problemas ou os identificamos em grau muito leve",
considerou a prefeita.
Raio
Uma das pessoas que foram atendidas pelas equipes da prefeitura foi
a musicista Nádia Conceição Menezes, de 63 anos, que teve sua casa
danificada por árvore que caiu ao ser atingida por um raio. A residência
fica próxima à segunda entrada de Villas do Atlântico. "Ver o raio cair
causou uma sensação de pavor. Sentimos uma força magnética que vinha do solo
e vimos a corrente elétrica se espalhar pelo chão. Nossa sorte foi que ela
seguiu em direção à rua e não veio para dentro de casa", conta a musicista.
Na manhã deste sábado, profissionais da Sesp retiraram a árvore do local,
que também atingiu o muro da residência vizinha. "Só tenho que agradecer ao
trabalho feito pelos profissionais da prefeitura, que foram muito técnicos e
humanos no tratamento conosco", disse a musicista. O encarregado de poda de
árvores, Argemiro Martins, afirmou que já havia feito a poda de pelo menos
27 delas que ameaçavam cair.
Outra equipe da Sesp chegou a realizar 60
atendimentos, a maioria deles em Areia Branca e Portão. De quinta para
sexta, as equipes de podas ficaram de plantão das 07h às 02h da manhã do dia
seguinte, devido ao número de ocorrências.
Equipes da Sesp também realizaram ações de desobstrução de cursos de rios em
vários pontos da cidade. Um dos profissionais, Antônio da Mata Santos, de 33
anos, que participava da segunda ação de desobstrução do Rio Sapato
realizada neste ano, em Villas, disse que, na sexta-feira, teve que ficar na
rua onde morava para salvar seus vizinhos. As águas, contou, alcançaram 50
centímetros de altura na Rua da Embasa, no Caji, onde reside. "Tivemos que
ajudar as pessoas, e a água invadiu a minha casa. Encontramos inclusive uma
cobra de três metros", contou Antônio Santos.