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O Fórum Social Mundial chega a Salvador numa ocasião que o social nesta cidade não está nas prioridades do município diante dos últimos acontecimentos. Tomando como discussão o decreto municipal 19418/09 que desapropria centenas de casas residenciais e comerciais num trecho Calçada/Boa Viagem sem nenhuma discussão, aviso ou explicação, fato que abalou os ânimos dos moradores sentindo-se violentados no direito a moradia, na mesma ocasião que o estado prega o programa Minha casa, minha vida, muito antes, trabalhadores simples, já entendia que moradia era um bem vital, com duros esforços adquiriram suas casas e ali estabeleceram seus lares e seus descendentes fizeram daquele lugar seu pedaço de chão, escreveram suas histórias.
De repente um frio decreto que não levou em consideração as pessoas e suas histórias, nativos de descendência centenária, netos e bisnetos de ex-escravos, mistiços pescadores, contadores de história oral que fazem parte da história da Bahia, esse trecho é parte importante do acervo histórico cultural da Baia de Todos os Santos que deveria ser preservado.
Ficou caído no esquecimento, hoje lembrado de tal forma, a Vila Operária da Boa Viagem, tantos anos abandonada, quando deveria ser recuperada, berço da responsabilidade social no Brasil, implantado por Luiz Tarquínio, cuja obra já seria matéria suficiente para um Fórum Social Mundial numa dimensão possivelmente maior que o atual, custa crê que democratas sensíveis aos apelos sociais, concordem com afrontas desse tipo ao povo, não cremos que nos tempos de um governo de promoção social e da dignidade humana, com tantos feitos do que somos testemunhas, permita escrever uma página tão triste na história da Baia de Todos os Santos, onde são profundamente feridos tais defesas.
É contraditório dizer MINHA CASA, MINHA VIDA diante de tantas casas e vidas institucionalmente ameaçadas da Calçada a Boa Viagem com proporções desconhecidas para toda Itapagipe, não é possível que prospere tais intentos que já chamaram de conspiração do silêncio, portanto esse é momento de apelar para discussão considerando a história exemplar de Luiz Tarquínio, referência daquele Bairro, que caberia como matéria obrigatória na Bahia, no Brasil e no mundo em qualquer instância de abordagem do social, sua obra, a Vila Operária da Boa Viagem merecia um projeto de recuperação como marco, mostrando que há mais de 150 anos em Salvador já pensava com critérios sólidos e avançadíssimos a responsabilidade social, quando o Brasil nem sequer sinalizava para esse caminho e a Europa começava a experimentar, apelamos para o Fórum Social Mundial, na tentativa de um olhar contemplativo para Itapagipe, não queremos estar à parte, mas fazer parte da nova Baia de Todos os Santos. (Joselito Conceição Bispo Rua Rio de Contas, 02 Monte Serrat - Salvador-BA)