A sociologia brasileira perdeu uma de suas mais expressivas intelectuais. Maria David de Azevedo Brandão, filha do antropólogo Thales de Azevedo, faleceu deixando um legado fundamental para a compreensão das transformações sociais e urbanas em Salvador e no Brasil.

Professora da Universidade Federal da Bahia desde 1961, foi pioneira em investigações sobre a realidade urbana, relações de classe e raça e as condições habitacionais das populações de baixa renda.

Graduada em Ciências Sociais pela UFBA em 1956, Maria Brandão seguiu carreira acadêmica de projeção internacional. Realizou cursos e pesquisas em instituições de prestígio como a Columbia University (EUA), a London School of Economics (Reino Unido), a University of Pennsylvania (EUA) e a Université de Paris – Sorbonne Nouvelle (França). Também foi professora visitante na Universidade de Varsóvia (Polônia) e na University of Sussex (Reino Unido), consolidando uma trajetória marcada pela excelência e pelo diálogo acadêmico global.

Autora de estudos de referência sobre urbanização, habitação e políticas públicas, Maria Brandão foi consultora de órgãos nacionais e internacionais, entre eles o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Fundação Ford, e formou gerações de sociólogos e pesquisadores.

Sua contribuição ultrapassou os muros da universidade, influenciando políticas habitacionais e o debate público sobre cidades mais justas e inclusivas. Sua ausência deixa uma lacuna, mas sua obra permanece como guia essencial para compreender a complexidade social e urbana do país.