Homenagens no ritmo do samba-reggae, batida criada por Neguinho do Samba, foram prestadas em sinal de gratidão pelos discípulos do artista, vai ser sepultado na tarde de hoje, às 16h, no cemitério Jardim da Saudade.
"A dor é enorme. Foi uma perda irreparável. Não perdemos somente um músico excepcional, mas uma personalidade. Ele foi muito generoso com todos à sua volta. Não dá para acreditar. É um astro que vai continuar vivo aqui com a gente", declarou João Jorge, presidente do Olodum.
A Secretaria de Cultura de Salvador declarou três dias de luto desde a morte do artista e suspendeu as atividades culturais no Pelourinho em homenagem à Neguinho do Samba.
ETERNO
Membros do Didá e do Olodum, emocionados na homenagem ao Mestre Neguinho, ressaltaram a importância do legado do artista e da dedicação para inserir socialmente os jovens através da música. A batida do samba-reggae é considerada por muitos ‘a cara da Bahia e do Brasil'.
"Foi com a fusão do samba baiano com o reggae jamaicano que a Bahia ficou conhecida internacionalmente. Felizmente, ele conseguiu passar seus conhecimentos para muitos jovens, deixando um legado muito importante", declarou o diretor do Olodum, Nelson Mendes.
TRAJETÓRIA
Filho de um tocador de "bongô" e de uma lavadeira, desde cedo treinava percussão tocando nas bacias de alumínio da mãe. Foi eletricista, ferreiro e camelô. Sua música chegou a ser internacionalmente reconhecida.
Maestro do Olodum, tocou com David Byrne, Paul Simon e Michael Jackson. Com Simon, o Olodum gravou o CD The Rhythm of the Saints, em 1990. Feliz com o resultado do trabalho, Simon procurou o músico e lhe ofereceu um carro importado como forma de agradecimento. Neguinho agradeceu a oferta, mas preferiu mudar o presente, e, em vez de um carro, escolheu uma casa no Pelourinho, no mesmo valor, onde fundou sua escola.
Neguinho do Samba aparece no clipe de Michael Jackson, They Don't Care About Us, vestido nas cores do pan-africanismo regendo os percussionistas do Olodum.