Salvador

LADRÃO FURTA 12 PALMEIRAS NUMA PRAÇA DE VITÓRIA DA CONQUISTA

Thais Bilenky, especial para Terra Magazine
| 14/11/2008 às 14:15
Palmeiras furtadas tinham 4 m altura e ladrão é colarinho quase branco (F/Marcelo Santos)
Foto:

  O município de Vitória da Conquista fica a 509 quilômetros de Salvador. É a terceira maior cidade baiana, com seus 300 mil habitantes. Não distante da Chapada Diamantina, que arde em fogo há meses, Vitória da Conquista tem também sofrido desmatamento. Mas por mérito particular.


  Há oito anos, as paisagistas Márcia Pinheiro e Luzia Vieira enfrentam a ineficiência hídrica da região plantando e cultivando canteiros em praças e avenidas de Conquista. Elas mandam buscar plantas em Juiz de Fora (MG), Campinas (SP), em todo Brasil.


  Mas há um ano, tudo que plantam some. Quaresmeiras não resistem um dia em local público, os aficcionados logo passam a mão. Palmeiras ornamentais, acácias amarelas tampouco duram. "Parece que são chamarizes", diz Márcia, arquiteta e secretária de obras do município.


  Furtos delicados. Nos canteiros destroçados, as paisagistas flagaram ao longo do ano marcas de salto alto. Com indelicadas escavadeiras, ontem, a história dos sumiços foi longe demais. Na zona de sítios nos arredores de Conquista, funcionários da prefeitura encontraram não mudas, não poucas, não pequenas plantas públicas.


 Doze palmeiras com 4 metros de altura cada, custando entre 50 e 70 reais, foram "seqüestradas" na madrugada de quarta para quinta-feira (12 para 13 de novembro). Na véspera, a cidade comemorou aniversário de fundação na praça que amanheceu vazia.


  INDIGNADA

A população se escandalizou. Márcia se diz "indignada". Empresários patrocinaram a produção de cartazes para alertar a população. Márcia tomou conhecimento e acionou fiscais. Funcionários da prefeitura saíram em busca do paradeiro e algoz das palmeiras.

O município parou porque as áreas verdes criadas passaram a fazer parte do cotidiano da gente. Para Márcia, o inconformismo não é apenas pela verba pública desviada. "É zelo pelo patrimônio público", acredita.


O reponsável pelo furto, descobriu-se, é o proprietário do local onde funciona o Clube de Moto Cross de Vitória da Conquista, uma pessoa rica e conhecida na cidade. Ele alegou que as árvores foram parar lá através de um carroceiro que vendia as palmeiras à bagatela de 10 reais cada.


"Ninguém leva doze palmeiras com 4 metros de altura cada em uma carroça", descrê Márcia.


A pista definitiva do caso foi a marca que as paisagistas deixaram nas palmeiras antes de plantá-las na bem batizada Avenida Olivia Flores. Pintaram o bojo (a porção inferior dos troncos) de vermelho. Se rasparem a tinta, explica Márcia, a planta morre. As doze palmeiras estavam vivas e o com bojo vermelho no Clube de Moto Cross de Vitória da Conquista.


Desfecho


As palmeiras seqüestradas foram recapturadas e estão de volta plantadas na mesma Avenida Olívia Flores, para alegria da população. O indiciado como ladrão responderá a processo perante a Justiça.


Em tempo: Além do bojo vermelho, Márcia Pinheiro e Luzia Vieira elaboram novas técnicas anti-furto. A mais nova delas consiste em "chumbamento" das plantas. As paisagistas colocam amarras de ferro nas palmeiras ornamentais, criando uma espécie de âncora que dificulta a arrancada.


Tais Bilenky
Terra Magazine