Por iniciativa do presidente da Câmara Municipal, vereador Valdenor Cardoso (PTC), todos os segmentos ligados ao estudo e combate ao crime de pedofilia em Salvador realizam hoje (sexta-feira, 5) um amplo debate sobre o assunto, com o objetivo de planejar ações conjuntas e alertar a sociedade para a necessidade de denunciar casos de pedofilia e, assim, proteger cada vez mais as crianças e os adolescentes.
A sessão, programada para as 9 horas no Plenário Cosme de Farias, será dirigida por Valdenor Cardoso, e deverá contar com a participação de representantes do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), do Ministério Público, do Juizado da Infância e da Juventude e de entidades ligadas aos movimentos de defesa da criança.
"Não podemos ficar de braços cruzados diante de um problema que se alastra cada vez mais e deixar nossas crianças e adolescentes em situação de risco. Toda a sociedade tem que estar cada vez mais mobilizada contra esse tipo de crime, que é hediondo e que muitas vezes é provocado pelos próprios pais ou parentes das vítimas", diz Valdenor.
DENÚNCIAS
De acordo com relatórios apresentados ao presidente da Câmara, o número de denúncias sobre casos de abuso sexual e pedofilia contra crianças e adolescentes tem aumentado assustadoramente na Bahia. "Em 2005 tivemos apenas 225 denúncias contra a exploração sexual na Bahia. Em 2007, o número aumentou para 1.229 e este ano, até o dia 28 de agosto, o número já havia subido para 1.217 denúncias. Isso significa que as pessoas estão perdendo o medo de denunciar, mas, significa, também, que a situação na Bahia é crítica e precisa ser corrigida", adverte Valdenor.
A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência informa que a Bahia está entre os seis estados do país com maior quantidade de denúncias contra violência sexual, atrás do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Rio Grande do Sul. Entre as capitais, Salvador ocupa a oitava posição em número de registros de denúncias de abuso sexual.
Uma constatação preocupante e que será tema de análise apurada na sessão de hoje: a pedofilia é um sério problema familiar. As denúncias indicam que a maioria das crianças e adolescentes é molestada por parentes ou amigos da família. Quanto ao perfil dos abusadores, 90,05% são homens, 4,52% são mulheres e 4,97% envolvem homens e mulheres em conjunto. Mais da metade dos casos - exatos 54,55% - ocorrem no seio da própria família, com a figura do pai aparecendo como o principal abusador (42,31%), seguido pelo padrasto (16,92%) e pela mãe (7,69%).
No Brasil, a situação também é crítica
Em 2007, foram registradas no Brasil duzentas e setenta mil denúncias de pedofilia na internet, o dobro do número de denúncias feitas em 2006. O Brasil é o segundo país com maior número de casos de pedofilia na internet. Dos 17 mil sites pornográficos já identificados em todo o mundo, dois mil são brasileiros. O país perde apenas para os Estados Unidos.
A pedofilia é um crime que rende muito dinheiro no Brasil. Por isso, os números são assustadores; os casos, chocantes e a necessidade de solução, urgente. Estudos recém divulgados registram que o crime de pedofilia pela internet movimentou, em 2007, cerca de R$ 4 milhões. Em todo o mundo, esse tipo de crime - compra e venda de fotos e material pornográfico com crianças e adolescentes, em sites internacionais de pedofilia - movimenta R$ 7,5 bilhões por ano.
Para piorar a situação, mais de 30 mil crianças vivem em abrigos, segundo registros oficiais. 90% delas têm pai e mãe mas sofreram algum tipo de violência por parte de pais ou parentes, e por isso fugiram de casa ou foram afastados da família. Estima-se que estes números sejam muito maiores, pois somente 10% dos casos de violência doméstica são denunciados.