Salvador

FAVELÃO CRESCE NA ENCOSTA DA MANCHA MATRIZ HISTÓRICA SALVADOR

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| 19/07/2008 às 12:20
Trecho da encosta do Santo Antonio, com construção de barracos entre árvores (Foto/BJá)
Foto:
  Um imenso favelão está sendo implantado na encosta central de Salvador (a mancha matriz da área histórica), entre a Misericórdia - centro da cidade - até o bairro da Liberdade, passando por Santa Luzia, no Comércio, fundos da Avenida Jequitaia em Água de Meninos, e seguindo até a Calçada.

  São centenas, provavelmente um milhar de barracos, casas de alvenaria e até obras em concreto armado, com estruturas de dois e três andares.

  Vai ser o maior pepino a ser descascado pelos candidatos a prefeito, se alguém se dispusar a resolver esse gravíssimo problema, uma vez que uma parte de toda a encosta já está ocupada com centenas de pessoas e famílias morando nessas residências.

  Há, também, estabelecimentos comerciais, oficinas, galpões e outros, com acesso pela Jequitaia e Santa Luzia.

  Ao lado esquerdo da entrada do túnel Américo Simas, só este ano, estima-se que foram erguidas mais de 50 habitações sub-normais, e até mesmo ao lado do Plano do Pilar, obra de recuperação feita recentemente pela Prefeitura, nasceram cerca de 15 a 20 barracos.

  Os comerciantes que ainda estão estabelecidos em Santa Luzia e na Jequitaia não falam sobre o assunto temendo que aconteçam represálias. Uma empresária que se situa na Jequitaia, próxima do posto Shell, diz que fizeram um caminho perto do seu estabelecimento e ninguém diz nada ou faz nada.

  Vários desses pontos de morada têm acesso pelas cumeadas da Liberdade, do Santo Antonio Além do Carmo e no centro da cidade, na Rocimha do Pelô, Misericórdia e adjacências.

  As casas e até prédios de concreto são feitas atrás de árvores e bananeiras. Quem vem da Ilha de Itaparica via ferry-boat tem uma visão do desastre que está acontecendo e ninguém toma uma providência.

  BONDINHO VOADOR

  Na campanha política de 1992, o então candidato a prefeito de Salvador, Pedro Irujo, lançou um projeto para ocupar esse espaço, que era um bondinho a semelhança do que existia na cidade de Valencia, na Espanha, saindo dos Aflitos e indo até a Liberdade.

  Na época, o projeto foi muito criticado e chegou até a ser apelidado de "bondinho voador", mas teve um recall incrível para Irujo. A rigor, o projeto era simples e viável porque já existem modelos dessa natureza em vários países na Europa, e nas áreas de assentando sub-normais de Bogotá, na Colômbia.

   Grave mesmo é o que está acontecendo agora, a ocupação das encostas por um "favelão" (TF).