Hoje pela manhã, reunidos com a Bancada de Oposição na Assembléia Legislativa, os alunos pediram a intermediação dos parlamentares para solucionar o problema. "Desta forma que está é que não pode ficar. Ninguém nos dá uma informação correta e não sabemos o que realmente está acontecendo", afirmam os estudantes. "É desta forma que o governo republicano trata os baianos, com total desrespeito. Simplesmente suspenderam as aulas de forma unilateral e ninguém informa o que está acontecendo", criticou o líder da Oposição, deputado Gildásio Penedo Filho (DEM).
De acordo com a Universidade Estadual da Bahia (Uneb), a decisão do reitor Lourisvaldo Valentim foi tomada depois que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) emitiu parecer no qual classificou como "graves" as irregularidades detectadas na gestão do programa Universidades para Todos. A administração envolve três fundações de apoio a pesquisa e extensão, conveniadas com a Uneb. Segundo o TCE, os convênios com as fundações apresentariam desvio de suas finalidades educacionais, pagamento em duplicidade de funcionários públicos e conflito de interesses entre os setores público e privado, entre outros.
PROBLEMAS SOCIAIS
"Esta é a forma que o governo Jaques Wagner encontra para os problemas sociais: suspende o atendimento para as camadas mais carentes da população e não dá nenhuma satisfação ao povo. Isso é uma vergonha. Os alunos vão enfrentar vestibular e as provas do Enem e precisam estudar. Muitos só tem o Universidade Para Todos como único meio de estudar e chegar a universidade. O que o governo está fazendo é uma perversidade", protestou o líder do Democratas, deputado Heraldo Rocha.
Enquanto isso, os alunos da rede estadual de ensino matriculados no Universidade Para Todos esperam que as aulas sejam retomadas o quanto antes. "Nós é que estamos sendo prejudicados. Porque só agora, depois de vários anos que o programa existe é que encontraram irregularidades? É porque este governo não está sabendo fazer a coisa certa", afirmam os alunos. "Queremos estudar e precisamos o Universidade Para Todos porque não temos condições de pagar um curso pré-vestibular. Essa é a maior chance para nós, alunos da rede pública", afirmam.
Previsto para começar em 10 de março, as aulas foram iniciadas apenas em 2 de junho e paralisadas menos de um mês depois sem que qualquer explicação fosse dada aos alunos. "Nos informaram que havia problemas na contratação dos professores que não poderiam ter vínculos com o estado, mas informamos que nossos professores são alunos-monitores das universidades Federal da Bahia (UFBa) e Estadual da Bahia (Uneb), portanto não haveria impedimento", afirmam os alunos.
Segundo os estudantes, tanto na Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC), quando na Universidade do Estado da Bahia não existem informações ou justificativas para o fim do Universidade Para Todos, que tem como principal objetivo facilitar o acesso à universidade de alunos da escola pública. "A informação do secretário Adeum Sauer é que não existem motivos para a paralisação do curso pré-vestibular uma vez que as verbas já teriam sido asseguradas. Já a Uneb alega que não existem professores, enquanto nós, alunos não sabemos o que realmente está acontecendo e estamos sem aula às vésperas dos vestibulares das universidades públicas e das provas do Enem", alegam.
DESORGANIZAÇÃO
Para os deputados Heraldo Rocha, líder do Democratas e Gildásio Penedo Filho (DEM), líder da Oposição na Assembléia Legislativa, e Eliedson Ferreira (DEM) que participaram da entrevista coletiva com os alunos do Universidade Para Todos hoje de manhã, a situação demonstra no mínimo, desorganização da Secretaria de Educação, uma vez que o programa, que deve ser gerido pelas universidades estaduais, são de responsabilidade da SEC.
"Não existem justificativas plausíveis para a interrupção das aulas. Não informam nem quando ou se as aulas serão retomadas, o que é um verdadeiro desrespeito à sociedade, sobretudo a estes alunos, a maioria de pessoas carentes e que tem no Universidade Para Todos uma chance a mais para ingressar na universidade", protestou o deputado Gildásio Penedo Filho.
"Não quero acreditar que pretendem extinguir um programa exitoso, só porque foi criado no governo passado - e que foi considerado modelo tanto de gestão como de educação - prejudicando milhares de famílias de baixa renda que vêem no Universidade para Todos a única forma de seus filhos ingressarem no ensino superior", acrescentou Gildásio Penedo Filho.
O deputado Heraldo Rocha insistiu que a bancada deve ingressar com uma representação no Ministério Público para investigar o motivo da suspensão das aulas já que as verbas estariam asseguradas. "O estado não pode simplesmente suspender um programa que está em andamento há tanto tempo, sem dar uma alternativa para os estudantes. Afinal, trata-se de educação, de acesso dos alunos carentes à universidade. Isso deve prevalecer, enquanto se sana qualquer irregularidade.