Dois meses após a prisão do pistoleiro Antônio Medeiros (Alemão ou Tonho Doido), 48 anos, assassino confesso do ex-deputado estadual Maurício Cotrim, a polícia prendeu, no final de semana, no Estado de Tocantis, o homem apontado pelo homicida como mandante do crime. Trata-se de Floro Calheiros Barbosa (Ricardo Alagoano), 63 anos, denunciado pelo pistoleiro ao delegado André Luiz Serra, coordenador regional da 22ª Coorpin, em Guanambi. Influente criador de gado na região de Gurupi, em Tocantis, Floro Calheiros foi surpreendido por uma "campana", montada pelas polícias Federal e a estadual de Sergipe, no último sábado (19), quando saía de sua mansão, em companhia do filho. Inicialmente, os policiais encaminharam o pecuarista para a sede da Polícia Federal, em Palmas, de onde foi transferido para Aracaju. Foragido da Justiça sergipana, Floro havia escapado há quatro anos de uma delegacia no estado.
As diligências, que resultaram na prisão de Ricardo Alagoano, se intensificaram após o delegado-chefe da Polícia Civil da Bahia, João Laranjeira, ter designado, em novembro passado, o delegado André Luiz Serra, para presidir o inquérito policial, que apurou o homicídio do ex-deputado estadual Maurício Cotrim Guimarães, 59 anos, assassinado com cinco tiros de arma de fogo, quando caminhava, no final da tarde do dia 14 de setembro, do ano passado, no centro de Itamaraju, município localizado no extremo sul baiano.
Por volta de 20h do dia 13 de novembro, o pistoleiro Antônio Medeiros - contratado por "Ricardo Alagoano" para executar Cotrim - foi preso em casa, na cidade de Eunápolis. O homicida confessou que estava na garupa da moto, tendo efetuado vários disparos contra o ex-deputado. Declarou ainda ao delegado, que assassinou outras pessoas na Bahia, a mando do pecuarista, dentre elas, uma mulher e um traficante conhecido por "Toninho", em Teixeira de Freitas.
Executou também cinco pessoas de uma mesma família, em Corumbau, no município de Prado, além do empresário Djair Eloy, em Eunápolis, e de José Carlos da Silva Moraes, gerente da casa de shows Axé Moi, em Porto Seguro. Confessou os homicídios de outras pessoas nos estados de Sergipe e Rondônia, todos a mando de Ricardo.
Depois de preso, em Eunapolis, "Alemão" foi encaminhado à Polinter, em Salvador e, posteriormente, ao Complexo de Operações Policiais Especiais de Aracaju, em Sergipe, para prestar depoimento sobre a participação em assassinatos no estado. "Alemão" contou com, riqueza de detalhes, perante a juíza Iolanda Guimarães, da 5ª Vara Criminal, e o promotor de Justiça Augusto César de Resende Leite, alguns assassinatos praticados em Sergipe, a mando de Ricardo. Detalhou o homicídio do ex-deputado estadual de Sergipe, Joaldo Barbosa, ocorrido em janeiro de 2003, na residência do parlamentar, por ordem de "Ricardo Alagoano". Confirmou a participação de todos os condenados como executores do crime e disse que a morte de Joaldo ocorreu por questões políticas e em razão de um empréstimo não pago.
O pistoleiro "Alemão" contou que Floro Calheiros assassinou um dos seus seguranças, de prénome Josualdo, no quarto de um hotel, em Aracaju, onde se encontrava com a namorada, por "queima de arquivo". Segundo ele, Josualdo era ligado ao ex-prefeito de Canindé do São Francisco, Genivaldo Galindo, e teria perdido a confiança de Floro.
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