Portando abacaxis - tornado em símbolo do protesto pela forma com que tem sido conduzida a elaboração do PDDU - Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, de Salvador - mais de uma centena de manifestantes percorreram o trecho da praça da Piedade até à frente do Prefeitura, engarrafando o tráfego já caótico do Centro da cidade, nesta sexta-feira, 7.
 
  A manifestação convocada por entidades como Fabs - Federação da Associação de Bairros de Salvador, Fetag-Federação dos Trabalhadores da Agrocultura, Movimento Viva Subúrbio, Unegro, Gambá, Germén, IAB-Instituto dos Arquitetos do Brasil/secção Bahia, foi engrossada por populares e por vereadores e deputados estaduais, tanto do PCdoB quanto do PSDB, PDT e PSB.

  O protesto, levado às escadarias do Palácio Tomé de Souza, envolveu, em maioria, discursos críticos aos privilégios que têm sido proporcionados ao setor imobiliário, em particular ao aumento do gabarito para construções de prédios na Orla, e em detrimento de diversas outras demandas de fundamental importância, como a definição de Zonas Especiais de Interesses Sociais, e questões como o sistema de transporte e acessibilidade. 

  A vereadora Aladilce Souza, líder da bancada do partido na Câmara, lamentou a tramitação do Plano Diretor em regime de "Urgência Urgentíssima", como proposto pelo Executivo. Vice-presidente da Comissão de Urbanismo e Meio Ambiente, a vereadora disse que a comissão sequer vai dispor de tempo para emitir um parecer, pois o projeto só foi encaminhado a oito dias do encerramento do prazo para apresentação de emendas. Ela questionou o fato de o projeto não contemplar diversas exigências do Estatuto das Cidades. "

Sequer a cartilha, para ser distribuída junto à população, com a simplificação das informações e termos técnicos foi elaborada". Representantes do movimento social consideram "um atraso" para a cidade a aprovação do plano do modo em que está.  

Prefeito marca nova
reunião para segunda  

À tarde, no encontro que teria apenas com os vereadores, o prefeito João Henrique acabou surpreendido com as participações dos deputados Álvaro Gomes, Javier Alfaya e Lídice da Mata (PSB), ex-prefeita da cidade.

O prefeito, que imaginou uma reunião protocolar, viu seus argumentos serem derrubados, tanto pelos vereadores, quanto pelos parlamentares, sobre a importãncia de ampliar os debates para legitimar o plano. Houve quem acreditasse estar constituído o Conselho Político, tão reclamado por alguns partidos da base de apoio ao Governo. De certo, ficou demonstrado que o interesse dos que pretendem votar o PDDU sem maiores debates e em regime de urgência, não se converterá em apoio a futuras demandas do Executivo.

João Henrique marcou novo encontro para a tarde de segunda-feira. Acredita-se que deverá consultar o ministro Geddel Vieira Lima, da Integração Municipal, ops Nacional. Antes, pela manhã, na Câmara, acontece nova reunião do Colégio de Líderes.