A Igreja, no entanto, optou por uma mártir
Uma das coisas mais difíceis é entender é a Cúria Vaticana e os caminhos da Igreja Católica. A beatificação da irmã Lindalva traz aos baianos essa reflexão, na medida em que, a irmã Dulce, salvo pelo aspecto de não ter sido assassinada, tem muitos mais méritos para ser beatificada.
A rigor, o assassinato da irmã Lindalva foi um fato isolado e que a igreja, com suas simbologias e marketing religioso diante da perda de fiéis para os evangélicos, está transformando-a numa mártir. O representante do papa Bento VI chegou a classificar o ato como "um holocausto cruel de Irmã Lindalva para que sigamos com ela os passos de Cristo". Um exagero.
Estas foram as palavras do representante do papa Bento XVI, cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Sagrada Congregação para a Causa dos Santos, para milhares de pessoas que assistiram à missa de beatificação realizada no Estádio do Barradão. A cerimônia foi celebrada pelo cardeal-arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Geraldo Majella Agnelo,
A celebração foi aberta às 16h45, com a entrada da imagem de Senhor do Bonfim no estádio, ao som do hino dedicado ao santo, tocado ao som de berimbau. Em seguida, o andor de Nossa Senhora fez o seu desfile no gramado, enquanto era entoado o cântico Ave Maria gravado por Fafá de Belém. Pessoas portando os estandartes das paróquias da Diocese de Salvador circundaram o campo.
A missa começou com a leitura da biografia da beata e foi acompanhada por autoridades religiosas e políticas. Entre os presentes se destacava a mãe da candidata a futura santa, dona Maria Lúcia da Fé, de 85 anos. Apesar da saúde bastante frágil e com muita dificuldade de falar, ela confidenciou.
"Sofri muito, mas estou feliz. Tenho um pedido especial para minha filha, mas não posso contar. Vou guardar para sempre no meu coração", disse Maria, que participou de um dos momentos mais emocionantes da cerimônia.