As atividades do Segundo Tempo retornam no início de janeiro. Este ano o município recebeu do Governo Federal R$1 milhão e 687 mil reais para o programa, e entrou com a contrapartida de aproximadamente R$600 mil. A verba foi destinada ao pagamento de monitores, estagiários, merenda e material esportivo, para os 76 núcleos do Segundo Tempo no município. São ao todo 236 funcionários.
O número de modalidades acompanha o de funcionários e traz novidades, como o surf, capoeira, xadrez e skate, além de todos os esportes de quadra, futebol de campo, dança e teatro. "No próximo ano eles também jogarão tênis no projeto", informa o coordenador do programa Nivaldo Serva.
Estrelas nascentes
A oportunidade de praticar um esporte no turno oposto ao horário escolar tem obtido resultados além dos esperados. Segundo o coordenador, além de impedir que estes jovens sejam presas fáceis para o tráfico e para a violência social, algumas estrelas estão se revelando, como as estudantes Danyela Coelho e Claudine Miranda, que praticam karatê.
Apesar da boa surpresa, Serva adverte que o espírito do programa não é de formar atletas ou fomentar a competição. "Isso é bom, mas antes de tudo queremos formar cidadãos através do esporte e da sociabilidade que ele traz".
"Com o esporte estamos quebrando as barreiras sócio-econômicas e estimulando a convivência pacífica entre jovens de diversas classes sociais, já que nas escolas públicas temos alunos das famílias mais pobres aos de famílias mais abastadas", reitera. A afirmação de Serva é reforçada pelo depoimento do pequeno Rafael Pereira Santos, que pratica natação. "Fiz muitos amigos de lugares diferentes. Ocupo meu tempo com coisas boas e não mais me misturo com as pessoas erradas de minha rua".
A prefeita Moema Gramacho diz que esta é a principal função do programa, formar cidadãos de bem. "Queremos passar para estes jovens, valores que os transformem em cidadãos melhores em nossa sociedade".
Outro avanço é na qualidade da saúde dos jovens. Muitos estavam ociosos e com má alimentação. "Quando saia da escola eu só comia e ficava assistindo TV. Hoje, depois do esporte estou mais saudável, mais em forma", diz contente Carlos Carvalho de Oliveira, aluno do programa.
O esporte também tem revelado campeões em sala de aula. O xadrez tem estimulado o raciocínio e o bom rendimento escolar tem sido acompanhado de perto pela coordenação do programa. De acordo com Nivaldo Serva, muitos alunos estão mais estimulados para os estudos, principalmente aqueles que praticam os esportes no núcleo da União Metropolitana de Educação e Cultura (Unime), faculdade que possui um dos melhores parques esportivos do Estado. "Alguns nunca imaginaram pisar o pé numa faculdade e o ambiente despertou neles o sonho da graduação em nível superior".