Salvador

TRAGÉDIA NA FONTE NOVA: POLÍCIA MUDA DELEGADA E ADIA DEPOIMENTOS

Dirigentes podem ser enquadrados criminalmente
| 28/11/2007 às 11:08
  O inquérito policial sobre o acidente que provocou a morte de sete pessoas no estádio da Fonte Nova, mudou de mãos. A delegada Maria Andrade Ramos, plantonista da delegacia de Brotas, que cobre a área do estádio, foi substituída pela delegada Marilda Marcela da Luz. A decisão foi do Departamento de Polícia Metropolitana.

  Com a mudança, os rumos do inquérito também vão sofrer alterações. Os depoimentos de representantes da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), órgão que administra a Fonte Nova, da Federação Baiana de Futebol e dos times foram suspensos e deverão ser retomados num segundo momento da investigação.

  Segundo a delegada, o primeiro passo será uma reunião, prevista para esta quarta-feira (28), com o Ministério Público Estadual. O objetivo é coletar informações sobre um alerta prévio do MP sobre a situação do estádio.

  PARENTES

 Na próxima semana, serão reiniciados os depoimentos de parentes de vítimas, sobreviventes que ficaram feridos durante a tragédia e testemunhas que estavam na Fonte Nova durante o jogo de domingo. Deverão ser ouvidas de três a quatro pessoas por dia. "Quero falar com todos os envolvidos. Somente depois vamos ouvir as autoridades", afirmou Marilda.

  Nesta quarta-feira, a delegada espera receber o resultado do laudo da Polícia Técnica feito no local do acidente. 

   MINISTÉRIO
   PÚBLICO

  No Ministério Público, o  procurador-geral de Justiça Lidivaldo Britto ja designou o titular da 5ª Promotoria de Justiça Criminal, promotor de Justiça Nivaldo dos Santos Aquino, para acompanhar o inquérito aberto na 6ª Delegacia de Polícia para identificar os responsáveis pelo acidente.

  O representante do Ministério Público estadual já manteve contatos com o delegado interino da 6ª Delegacia, Carlos Henrique, sendo comunicado que vice-diretora do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), delegada Marilda Marcela da Luz, está responsável pelo caso.

  "Os exames periciais - relativos aos laudos cadavéricos e à engenharia legal da estrutura do estádio - já foram solicitados, assim como já estão sendo relacionadas as pessoas que serão ouvidas, em especial as que sairam feridas em decorrência do desabamento de parte da estrutura de uma arquibancada da Fonte Nova, esclareceu o promotor de Justiça Criminal.


  Nivaldo Aquino salientou, ainda, que o Ministério Público vai ouvir os atuais e ex-dirigentes da Superintendência de Desportos da Bahia (Sudesb, órgão do Governo do Estado responsável pela administração da Fonte Nova), os representantes do Esporte Clube Bahia e o Comando do Policiamento da Capital. 

  Ele incorporará ao trabalho da Promotoria Criminal a ação civil pública que a promotora de Justiça do Consumidor, Joseane Suzart, deu entrada em janeiro de 2006, solicitando, em caráter liminar, a interdição do estádio devido às suas precárias condições, e que não foi julgada pela 2ª Vara Especializada de Defesa do Consumidor.


  Com a conclusão das investigações, destacou Nivaldo Aquino, o MP pedirá a responsabilização criminal dos acusados, que podem responder por homicídio culposo, cuja pena varia de um a três anos.