Salvador

DELEGADO CHEFE CLASSIFICA SITUAÇÃO EM DELEGACIAS DE TRAGÉDIA ANUNCIADA

Comente as declarações do delegado chefe João Laranjeira
| 05/11/2007 às 23:28
    Diante da grande concentração de presos da Justiça nas delegacias de Polícia da Bahia e das conseqüentes fugas e tentativas de fuga, ocorridas nas últimas horas em Salvador e na Região Metropolitana, diretores e vice-diretores dos departamentos da Polícia Civil, reunidos hoje (5), com o delegado chefe João Laranjeira, voltaram a cobrar a imediata transferência desses custodiados para os presídios. 

  "É essencial que haja uma diminuição da população carcerária nas delegacias, para que a Polícia Civil possa desempenhar com eficiência suas atividades investigativas, voltadas ao combate da criminalidade e da violência", assinalou Laranjeira.

        
   Na 10ª Delegacia, em Pau da Lima, sete detentos fugiram nesta segunda-feira, outros sete evadiram-se da 2ª CP, na Lapinha, e na delegacia de Vila de Abrantes (27ª CP), houve uma tentativa de fuga.

  Agentes da 1ª CP frustraram uma fuga em massa no Complexo Policial dos Barris, na madrugada de sábado (3), quando 23 presos conseguiram fugir da carceragem da 27ª CP, em Itinga, onde, há apenas 35 dias ocorreu uma outra evasão. Para conter as ameaças de fuga, o COE (Centro de Operações Especiais) tem empregado a técnica de "uso progressivo da força", com armas não letais, a exemplo de balas de borracha, e a utilização de cães.


  VCIGILÂNCIA PERMANENTE

    "Mantemos inadequadamente em nossas unidades presos cumprindo pena sob guarda da Polícia Judiciária, o que tem exigindo de delegados, agentes e escrivães uma vigilância permanente sobre pessoas à disposição da Justiça", declarou João Laranjeira, ressaltando que os profissionais de Polícia  são qualificados para identificar criminosos, prende-los e instaurar inquéritos.


  O delegado-chefe classifica a situação das unidades da Polícia Civil com superlotação de presos de "tragédia anunciada". "As delegacias foram projetadas para abrigar preventivamente presos em flagrante, e não detentos que aguardam instrução criminal e nem para cumprimento de pena.

  Como não  vamos parar de prender delinqüentes essa situação tende a se agravar, sobretudo porque não há, por parte da Secretaria da Justiça e Direitos Humanos (SJDH), o recebimento continuado de presos", argumenta.


  Segundo João Laranjeira, as delegacias de polícia em Salvador têm,  permanentemente, uma média de 300 a 350 custodiados a mais do que sua capacidade. "Prendemos em flagrante na capital, uma média de dez pessoas/dia e cerca de 28 nos finais de semana", informou.


   O Departamento de Polícia Metropolitana (Depom) mantém hoje, em 28 delegacias circunscricionais, 835 custodiados. A 1ª CP, com capacidade para 32 presos, abrigava quase 90 no momento da recente tentativa de fuga. A 27ª CP, que custodiava 35 pessoas no fim de semana, tem espaço para apenas 16. As unidades subordinadas ao DCCV (Departamento de Crimes Contra a Vida) têm 54 vagas e abrigam hoje 104 pessoas. Já a Polinter, com apenas oito vagas, comporta 47 custodiados. As unidades do DCCP (Departamento de Crimes Contra o Patrimônio) têm capacidade para 48 presos e abrigam 262. Nas 35 vagas do DTE (Tóxicos e Entorpecentes) amontoam-se 90 presos.