Américo Vespúcio era apenas o cartógrafo da expedição
Enquete realizada pelo Bahia Já entre os dias 1º e 3 últimos perguntou se os nossos leitores sabiam qual a expedição européia que descobriu a Baía de Todos os Santos, em 1501.
Participaram da enquete 41 internautas e, destes, 15 disseram que foi a expedição de Américo Vespúcio (36.59%); 11 (26.83%) disseram que foi a expedição de Diogo Álvares, o Caramuru; 8 (19.51%) afirmaram que foi a de Martin Afonso de Souza; e apenas 7 (17.07%) afirmaram que foi a expedição de Gonçalo Coelho.
QUEM ACERTOU?
Quem afirmou que foi a expedição de Gonçalo Coelho, acertou.
A HISTÓRIA
Após a "descoberta" do Brasil feita por Pedro Álvares Cabral em 1500, o rei de Portugal, D. Manuel I decide averiguar quais as riquezas existentes naquele imenso território tão bem relatado por Pero Vaz de Caminha, participante da expedição cabralina.
A primeira expedição exploratória da costa brasileira foi comandada por Gonçalo Coelho que partiu de Lisboa em 10 de maio de 1501. Com isto, a Coroa portuguesa pode ter notícias pioneiras sobre o contato de Cabral e também sobre seus direitos sobre terras brasileiras.
Desta expedição participou como cartógrafo o italiano Américo Vespúcio. Nascido em 09 de março de 1454, Américo Vespúcio sempre viveu em meio a um alto estilo de vida, filho de família abastada achegados aos poderosos Médici, que construíram Veneza, política e financeiramente.
Após este feito, em 1491 Vespúcio dirige-se à Espanha para trabalhar com Juanoto Berardi, sócio dos Médici. Juanoto era um dos principais financiadores da empresa marítima espanhola, comandada pelos "Reis Católicos". Alguns afirmam ter sido ele o colaborador para a expedição de Cristóvão Colombo quando este descobriu a América em 1492.
D. Manuel I, contrata Vespúcio, a admiração da parte do rei de Portugal em relação a este homem culto iniciara com a leitura que o rei realizou de uma carta escrita em 18 de julho de 1500 de Vespúcio destinada a seu patrão Lourenzo de Médici.
Em 15 de junho Vespúcio segue rumo ao Brasil, sob comando de Gonçalo Coelho, a esquadra era formada por três caravelas. De acordo com Ricardo Fontana, um dedicado estudioso do assunto, a partir deste momento, o desejo de novas aventuras começara efetivamente para Américo Vespúcio, pilotando uma das embarcações da esquadra..
O primeiro contato
com o Brasil
Em agosto de 1501 as 03 caravelas da esquadra ancoram na Praia de Marcos, litoral do atual Rio Grande do Norte. O primeiro contato dos marujos com os nativos do Brasil aconteceu somente após o primeiro dia já em terra firme. Contato este que, na verdade, foi desprezado por parte dos nativos que ignoraram todas as quinquilharias, oferecidas pelos homens de Gonçalo Coelho.
A antropofagia dos
nativos brasileiros
Gonçalo Coelho concordou em deixar dois cristãos de sua esquadra ir averiguar os nativos por um prazo de 05 dias, visto que não houve uma recepção muito amistosa por parte dos nativos, passados estes dias, exatamente ao 6º dia os cristãos haviam desaparecidos, a esquadra estava prestes a deixar o litoral, Coelho e Vespúcio junto de alguns marujos decidem procurar saber o que houve, foi quando apareceram várias mulheres nativas, sendo que uma delas golpeou um dos homens da esquadra na cabeça, enquanto outras atacaram o restante com flechas.
Dois disparos foram dados pelos homens de Gonçalo, com intuito de eliminar o ataque, os nativos correram para um monte alto, levando arrastado um dos marujos, os viajantes seguiram-nos e depararam com um cenário de impacto, o marujo capturado estava em pedaços, parte de seu corpo estava sendo cozinhado em um tipo de caldeirão grande, e outras partes do corpo já sendo mastigadas pelos nativos. O destino dos outros dois cristãos desaparecidos, com certeza fora o mesmo.
Diante de tais acontecimentos, Vespúcio narra em sua carta denominada Lettera, o primeiro caso de antropofagia dos nativos da América, incluindo os europeus como vítimas. Tal registro ganhou estrondoso sucesso de publicação, pois esta carta fora enviada a seu amigo Piero Soderini, um dos principais mandatários de Florença. Os comandantes ficaram indignados com os acontecimentos, mas Gonçalo Coelho achou melhor zarpar imediatamente do local, contornando o litoral do Brasil.
Vespúcio atribui nomes ao
litoral brasileiro por onde passou
Munidos de um calendário Litúrgico, começaram a batizar os lugares onde atracavam, com nome de santos do respectivo dia em cada lugar diferente, como por exemplo, em 28 de agosto com a vista do Cabo de Santo Agostinho, em 01 de novembro de 1501 à baía, denominada Baia de Todos os Santos.
Após a parada em Cabrália, Gonçalo Coelho depara-se com dois degredados advindos da esquadra de Cabral, resgata-os. Entre estes estava Afonso Ribeiro, que permaneceu por dois anos em contato direto com os nativos, aprendendo seus costumes e suas atividades cotidianas, Vespúcio não perdeu tempo em colher preciosas informações com Ribeiro a respeito desta convivência com os nativos, tais informações foram suficientes para Américo Vespúcio escrever duas novas cartas, em uma delas, ele registra que conseguiram, na Baia batizada de Todos os Santos, descansar e realizar um contato amistoso com os nativos, Vespúcio relata que durante sua permanência neste local havia comido e dormido durante 27 dias com os naturais da terra.
A frota de Coelho avançava sentido sul. Uma nova parada, no inicio de dezembro em Porto Seguro, onde os marujos recolheram algumas toras de pau -- brasil, árvore que teria responsabilidade de doar seu nome ao futuro daquele território. Em 01 de janeiro de 1502 a frota depara-se com uma paisagem paradisíaca, a chamada "boca do mar", cercada por montanhas arborizadas, os tripulantes pensavam estar mediante a foz de um rio, batizando o local com o nome de Rio de Janeiro. Vespúcio, cerca de 01 ano depois, em sua segunda viagem ao Brasil, voltaria a tal lugar, que o deixou profundamente extasiado diante de tanta beleza.
Alguns dias depois, Vespúcio avistaria outra beleza natural, uma bela enseada, era 06 de janeiro de 1502, dia de Reis, então batizara tal lugar de Angra dos Reis, nome que até hoje se mantém. Américo Vespúcio ficou mais uma vez impressionado em meio a tanta beleza, conforme diz seu relato: Algumas vezes me extasiei com os odores das arvores e das flores e com os sabores destas frutas e raízes, tanto que pensava comigo estar perto do Paraíso Terrestre.
Entre fins de janeiro a esquadra batizou outra região, uma ilha de águas calmas, chamando-a de Cananéia, deixando, não se sabe ao certo porque, de utilizar o nome de um santo, como feito até então. Na metade do mês de fevereiro a frota deixa a ilha, munidos com suprimentos suficientes para 06 meses de viagem, foram 49 dias de mar à dentro, sem avistar terra.
OUTROS DADOS
Diogo Álvares, o Caramuru, chegou a Bahia em 1509/10; Martin Afonso de Souza, em 1534.