Salvador

ABERTO SIMPÓSIO DE ARQUEOLOGIA MARÍTIMA NAS AMÉRICAS, EM ITAPARICA

A observação é do arquéologo australiano David Nutley
| 24/10/2007 às 13:09
 O arqueólogo marítimo australiano David Nutley, ao abrir nesta manhã de quarta-feira, 24, o Simpósio Internacional de Arqueologia Marítima das Américas, em Itaparica, destacou que, além das questões de natureza científica, dos estudos acadêmicos e da preservação do patrimônio e seu conhecimento histórico, o foco da arqueologia tem que estar nas comunidades onde os trabalhos são realizados.    

  Nutley mostrou os estudos e avanços que a arqueologia marítima, de rios e lagos tem alcançado na Austrália, país cercado de águas marítimas por todos os quadrantes, destacou os intercâmbios internacionais para aprofundamento desses estudos com a Holanda e Japâo, e disse que seu país avançou bastante na legislação no que diz respeito a preservação e exploração desses sítios monumentais.     

  Para Nutley, a Austrália e países asiáticos abrigam sítios arqueológicos que remontam a 100 mil anos de antiguidade, dezenas de sítios aborígenas submersos com o avanço do mar ao longo dos séculos, com campos de explorações extraodinários, plenos de história dos povos. Além disso, existem milhares de naufrágios na costa australiana desde a conquista holandesa, passando pelos macassans e ingleses, nos séculos XVII e XVIII, e embarcações naufragadas mais recentemente, sobretudo as relacionadas à Segunda Guerra Mundial.    

  "Temos um campo enorme de estudos e trabalhos e sem apoio governamental, sem a participação das comunidades e sem uma legislação específica de proteção a esses sítios, amparada pela Unesco, não será possível avançar muito em relação as experiências nesse campo" - asseguou o professor australiano que é um dos catorze existentes no seu país com pós-gradução em arqueologia marítima.    

  DÉCADA DE 1960    

  A arqueologia marítima na Austrália começou a ser praticada a partir de 1960 com a descoberta de naus holandesas naufragadas na costa do país nos anos 1600/1700. Vale destacar, segundo o professor Nutley que, assim que se iniciou a exploração, também começou a destruição desses importantes sítios, quer por falta de conhecimento da matéra, quer porque não existiam ainda técnicas e legislação de proteção a esses locais.    

   A partir desse momento, não só na Austrália, mas em várias partes do mundo, a arqueologia marítima despertou a atenção dos cientistas e estudiosos, foram aprofundados os conhecimentos e as técnicas, a leguslação começou a ser definida a partir de 1975, e, hoje, trata-se de um campo amplo de estudos e pesquisas, ainda minimamente explorado, e que só tem despertado a atenção dos governos e da ciência.   

  Destacou o professor Nutley que, na Austrália, somente num dos projetos. no naufrágio do Sidney Cove, os estudos se prolongaram entre 1997/2003, revelando a profundidade da matéria e a sua importância para conhecimento da história, das relações sociais de época, da tecnologia e outros ensinamentos.     

  O professor Nutley mostrou também uma experiência que os australianos realizaram numa comunidade da Tanzânia, de repasse de conhecimentos e das técnicas da arqueologia marítima, configurando que, sem isso, sem essa participação das comunidades (e isso vale para a Bahia, para o Brasil e para o mundo) nada se conseguirá de tão efetivo.