O município de Coronel João Sá, que possui um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) dentre os municípios baianos, sendo o 413º colocado no ranking, foi escolhido pelo governador Jaques Wagner para ministrar a aula inaugural do programa, Todos pela Alfabetização (TOPA), hoje (15).
O governador inaugurou também o Colégio Santo Antônio, que vai abrigar 720 alunos da rede estadual que antes não tinham um prédio próprio. Wagner assinou ainda uma ordem de serviço para implantação do programa Luz para Todos na zona rural do município, beneficiando a população de nove localidades. O investimento será de R$ 1,9 milhão.
Ele e o secretário estadual da Educação, Adeum Sauer, aproveitaram para felicitar os professores pela passagem do seu dia. "A sociedade é o que se consegue se formar nos bancos das escolas. E tudo o que tem a ver com formação diz respeito aos professores. Precisamos de vocês e tenho certeza que vão se engajar com a gente para mudar a realidade da educação na Bahia", disse Wagner.
TOPA
Inicialmente, o Topa visava priorizar apenas os municípios com os piores IDH, mas a grande demanda fez com que se ampliasse a abrangência do programa para além dos territórios do Semi-árido Nordeste II e do Sisal. "Nossa política está preocupada com a aprendizagem. Por muito tempo se focou a questão da educação no ensino. Se os alunos não estão aprendendo é porque os professores não estão ensinando. A partir deste pensamento vamos começar a mudar esta realidade da Bahia", destacou Sauer.
De acordo com levantamento da Secretaria Estadual da Educação (SEC) em 2005, aproximadamente 55% dos 20.964 habitantes de Coronel João Sá eram analfabetos. O município fica no semi-árido baiano, a 430 quilômetros de Salvador. Ali, o Topa beneficiará 1.265 pessoas, como a dona-de-casa Maura Santos, 56 anos, que deixou de estudar por causa das dificuldades financeiras.
"Quando eu era jovem, só tinha escola particular. Como o dinheiro era pouco, meu pai não podia pagar. Eu entrava na escola e saía dois meses depois", disse Maura. No pouco tempo em que ficou na sala de aula, ela afirmou que só aprendeu a escrever o nome.
Com a chegada do programa na cidade, além de buscar o conhecimento para si, Maura levou para a escola a filha Josefa, 38 anos. "Eu saí da escola cedo para ajudar minha mãe na roça. Naquela época, a gente ainda não sabia o quanto era importante ter conhecimento", destacou Josefa, que aprendeu a lição e mantém seus três filhos na escola.