A última foi no bairro da Paz, mais 5 executados
Mais uma chacina na cidade do Salvador. Está virando rotina, segundo o deputado João Carlos Bacelar e ninguém toma uma providência. Numa ação típica de grupo de extermínio, cinco homens foram assassinados com tiros de pistolas ponto 40 e escopeta calibre 12, na madrugada desta terça-feira, na localidade conhecida como Baixa do Tubo, região do Bairro da Paz.
Somente duas vítimas foram dentificadas até a noite desta terça: Fábio Valverde Ferreira, que completaria 25 anos ontem, e Tiago da Silva Oliveira, 20.
Quatro dos corpos estavam amarrados pelo pescoço com uma corda. De sábado até o final da tarde desta terça, a Central de Telecomunicações da Polícia (Centel) registrou 36 assassinatos em Salvador e região metropolitana, entre eles três duplos homicídios e a chacina desta terça de madrugada. Moradores do Bairro da Paz contaram que ouviram os tiros por volta da meia-noite, pouco antes de dois carros deixarem a localidade.
LEI DE SILÊNCIO
Os corpos foram encontrados por moradores por volta das 7 horas. A Centel foi avisada e comunicou à 12ª CP (Itapuã) e a PMs da 15ª Companhia Independente. Os corpos haviam sido atirados em uma ribanceira depois da execução na parte superior do terreno.
A delegada Francineide Moura esteve no local e acredita que o crime possa ter relação com o tráfico. "As localidades Bairro da Paz, Planeta dos Macacos, Yolanda Pires e Alto do Coqueirinho são regiões críticas de intenso comércio de entorpecentes", explicou a titular da 12ª CP. Segundo ela, o tráfico nessas localidades vem sendo investigado por agentes da unidade. As duas vítimas identificadas já possuíam passagens em delegacias por crimes contra o patrimônio.
MARCA TRISTE
Salvador é a terceira capital em crimes de extermínio no País, perdendo apenas para São Paulo e Rio de Janeiro, mas foi a que teve o maior percentual no aumento das mortes. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), nos últimos dez anos, a Bahia aumentou em 212% o número de mortes praticadas por grupos de matadores. No mesmo período, o Rio de Janeiro teve aumento de 41%, e São Paulo, de 39%.
Durante todo o ano passado, 91 pessoas foram identificadas pelo Grupo Especial de Repressão a Crimes de Extermínio (Gerce) como sendo vítimas de grupos de matadores, 35 a mais do que no ano anterior, quando 56 pessoas foram assassinadas com características deste tipo de crime.