Therezinha Barros, secretária de Políticas para as Mulheres, destacou a importância do encontro como uma oportunidade de incluir as mulheres da cidade no debate. "Essa é uma demanda que precisa ser mais debatida em toda a sua dimensão", afirmou lembrando que não se trata apenas de modificar estruturas arquitônicas. "Envolve, também, o acesso à educação, ao mercado de trabalho e à saúde".
Inspirada no princípio da igualdade preconizado por Rui Barbosa, a desembargadora Adna Aguiar, do Tribunal Regional do Trabalho, disse que "todos os iguais devem ser tratados com igualdade e os desiguais com desigualdade, para que desta forma possamos estar no mesmo patamar de igualdade e competir de forma igualitária com os demais".
EMPRESÁRIOS
Adna Aguiar entende que os empresários devem contratar pessoas com deficiência, não só para atender a lei, mas porque é uma ação de marketing positivo e melhora o ambiente de trabalho. "Mas estas pessoas devem ser capazes e a educação e a capacitação é o melhor caminho para o deficiente conquistar seu espaço no mercado de trabalho. Esta é uma inacessibilidade que devemos superar".
Para Iracema Vilaronga, presidente do Instituto dos Cegos da Bahia, usa o próprio exemplo para assegurar que os obstáculos arquitetônicos não as únicas barreiras para o deficiente. O acesso à educação, saúde e cultura também são difíceis. "Sou eu que sou deficiente por não enxergar ou é o caixa eletrônico que não se adequou a milhares de pessoas como eu?", questiona.
Luiza Câmara, da Associação Baiana de Deficientes Físicos, concorda com Vilaronga. "O que inviabiliza os deficientes não é a deficiência em si, mas a deficiência da sociedade em perceber a capacidade destas pessoas". Militante da causa há mais de 30 anos, ela diz que este despreparo fere os direitos constitucionais desde os mais simples, como o direito de ir e vir, até os mais complexos, como o direito à educação.
Acessibilidade Urbana
Em Lauro de Freitas, o Código de Obras do Município está sendo revisto pelos técnicos da Secretaria de Planejamento, Saneamento, Meio Ambiente e Turismo - Seplantur. Marcos Ayala, técnico da secretaria apresentou algumas obras realizadas que mostram a preocupação da gestão com a acessibilidade, a exemplo do rebaixamento de calçadas com rampas. Para dar acesso à educação, ele mostrou fotos das escolas Miguel Arraes e Jardim Ipitanga, onde foram instaladas plataformas de elevação vertical para alunos com deficiência.
"Nosso projeto de recuperação da Orla de Ipitanga tem rampas de acesso e sinalizações para cadeirantes", disse Marcos Ayala. Com projetos como este, Anailton Moreira não teria tantos obstáculos no dia-a-dia. Cadeirante, ele saiu de sua casa em Itinga e foi até o local do seminário, no centro da cidade, enfrentando passeios altos, escadas e todo tipo de obstáculos que só as pessoas com deficiência conhecem. "Este seminário é um marco, espero que dêem prosseguimento e que mudem esta cidade".