Salvador

SERVIDORES DA CÂMARA QUEREM TERRENO DOADO NA ÉPOCA DE FERNANDO WILSON

Conheça a história do terreno da Cohafcamus
| 17/08/2007 às 16:36

 


   Os servidores da Câmara Municipal de Salvador vão realizar na próxima segunda-feira, 20, uma Assembléia às 14h30min, no edifício Bahia Center, na rua Rui Barbosa, visando encontrar uma solução para um terreno que foi doado pelo então prefeito Fernando Wilson Magalhães, na Avenida Orlando Gomes e que foi invadido por uma empresa de ônibus.   

   A história do terreno e sua ocupação dariam uma novela (30 anos da doação) e envolve as arte&manhas do então vereador Osório Vilas Boas e uma empresa de ônibus de Salvador.

   CONHEÇA E ENTENDA
   A HISTÓRIA

  Em 1977, o prefeito Fernando Wilson Magalhães doou um terreno de 55.420 metros quadrados, situado na Avenida Orlando Gomes - na época apenas um matagal, a cidade acabava na Estação Rodoviária - aos funcionários da Câmara para, em cinco anos, eles construírem residências e assim ninguém da Casa ter problema com aluguel. Os funcionários criaram a Cooperativa Habitacional dos Funcionários da Secretaria da Câmara Municipal de Salvador (Cohafcamus) e registraram em cartório, para evitar problemas.


  Passados os cinco anos nada foi construído. Veio o prefeito Renan Baleeiro e prorrogou o prazo para mais dez anos, caso contrário o terreno seria revertido à prefeitura.


  A essa altura a Paralela já se delineava como um local para bons negócios, a cidade crescia para aquele lado, o Imbuí se afirmava como bairro. Então a Vibemsa percebeu que era uma grande oportunidade para ganhar dinheiro. Não se sabe como, mas os dirigentes da Vibemsa conseguiram, no início dos anos 1990, que o então presidente da Câmara, Osório Vilas Boas, lhes desse apoio. A Vibemsa fez uma escritura e anunciou que o terreno lhe pertencia.


  No entanto, fez a escritura em Lauro de Freitas e colocou um endereço completamente diferente de onde se situa o terreno. Na escritura da Vibemsa, o terreno está localizado no Caminho das Árvores. Resultado: a cooperativa ganhou a questão e provou, com os IPTUs pagos, que estava dentro da lei.


  No entanto, o juiz, Eduardo Amadiz, filho do desembargador Amadiz Barreto, fez tudo voltar ao ponto zero, atendendo aos empresários de transporte, concedendo-lhes uma liminar até o julgamento final do mérito.


  A situação ficou ainda mais complicada quando o prefeito Imbassahy, em 2002, tentou doar o terreno a Mãe Stella, para construção de um centro cultural. Houve manifestações dos cooperativados e Mãe Stella veio a público dizer que nada tinha com a proposta de centro cultural.

  Imbassahy foi obrigado a voltar atrás e reconhecer publicamente que o terreno era da cooperativa. Mas não entregou o terreno com o argumento de que na 11ª Vara de Justiça o juiz Eduardo Amadiz impedia que isto ocorresse, em consequência de liminar interposta pela Vibemsa que, a esta altura, já havia se desmembrado em várias empresas, embora seus dirigentes continuem a ser os mesmos.


  Na administração de João Henrique, o então secretário de Governo, João Cavalcanti, admitiu que a prefeitura precisava resolver a questão de uma vez por todas, inclusive porque durante sua campanha eleitoral, o prefeito prometera encerrar o imbróglio.


  O terreno hoje é supervalorizado. Situado entre o Alphaville e o Greenville, referências das classes altas de Salvador, transversais da Avenida Paralela, teve seu valor estipulado em 14 milhões de reais, há dois anos.


  Gilmar Souza del Rei é o presidente da cooperativa, que desde 1982 faz peregrinações na Justiça, se indispõe com autoridades, mas continua com a esperança de resolver o problema.