Salvador

PROFESSORES SÓ FAZEM NOVA ASSEMBLÉIA DIA 27 E SE DIZEM DECEPCIONADOS

Só após o São João haverá nova Assembléia Geral. Até lá, 50 dias de greve.
| 21/06/2007 às 18:21
   Com a categoria dos professores decepcionada com o governo, que não apresenta nenhuma contraproposta e, de acordo com recentes entrevistas do governador e de seus secretários da Educação, de Relações Institucionais e da Administração, só admite voltar a conversar com dirigentes da APLB-Sindicato e do comando de greve quando a paralisação acabar, uma nova assembléia geral foi marcada para quarta-feira, 27, às 9 h, no ginásio de esportes do Sindicato dos Bancários, na Ladeira dos Aflitos, em Salvador, para decidir sobre o movimento.


   Na terça, 26, haverá reuniões nas zonais, em Salvador, e assembléias no interior do Estado. As ameaças feitas pelo governador Jaques Wagner - segundo site da APLB - na semana passada, em entrevista na televisão e nos jornais uniu ainda mais a categoria dos professores.

   - O governo não apresentou nenhuma contraproposta, apenas ameaça cortar os pontos dos profissionais da educação. A categoria não aceita o corte de pontos anunciado pelo autodenominado governo popular e afirma que se isto ocorrer não haverá reposição de aulas - comenta o site.


    Ação Civil Pública


   A Ação Civil Pública do governo foi impetrada enquanto os professores estavam na Assembléia Legislativa lutando pela aprovação da Emenda de autoria do deputado Javier Alfaya - que propunha o reajuste de 17,28% para toda a categoria.


   Os professores sentiram-se traídos pelo governo, tanto por impetrar a Ação Civil Pública durante as negociações e quando a categoria ainda tentava conquistar o reajuste via parlamentar, quanto pelo método ortodoxo de querer resolver uma reivindicação de um segmento que sempre buscou a democracia e por isso apoiou a eleição do atual governador.


   Os educadores estaduais, no entanto, deram uma resposta firme à insensibilidade do Governo Jaques Wagner e afirmaram não ter medo da ameaça do governo que, intempestivamente, entrou na Justiça com uma Ação Civil Pública, em 24 de maio, 16 dias após o início da greve.


   A citação foi feita pela Justiça à APLB-Sindicato no início da noite de 29 de maio. Imediatamente a entidade entrou com recurso, que será julgado pela Justiça. O Agravo de número 27110-9/2007 foi entregue no Tribunal de Justiça e tem como relator o desembargador Antonio Pessoa. O sindicato aguarda o julgamento da ação. Na sexta-feira, 8 de junho, finalmente a imprensa leu com atenção o texto e publicou matérias relacionadas ao assunto.


   Indignados e decepcionados com a ação do governo que se denomina popular, mas que criminaliza um movimento reivindicatório, os educadores mantêm a greve, iniciada em 8 de maio.


   A Central Única dos Trabalhadores (CUT), maior central sindical do País, enviou carta de apoio à greve dos professores e professoras do Estado da Bahia e repudiou a ação do Governo Jaques Wagner. A Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação (CNTE) também manifestou solidariedade aos educadores e criticou a insensibilidade do governo que há seis meses encheu de esperanças o povo baiano. Representantes das duas entidades nacionais tentam intermediar a questão.


   Repúdio


    A APLB-Sindicato repudia a ação do governo porque entende que o direito de negociação para os servidores públicos e o irrestrito direito de greve são componentes essenciais das mudanças construídas pela luta dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, a APLB-Sindicato lembra que as reuniões com o secretário da Educação, Adeum Hilário Sauer, começaram ainda em janeiro. Outras audiências foram feitas com outros integrantes do governo, tudo para que as questões relacionadas à educação fossem resolvidas. No entanto, o governo não deixou outra alternativa para a categoria a não ser a greve.


  Os educadores da Bahia não aceitam a reposição salarial proposta pelo governo e aprovada na quinta-feira, 24 de maio, pela Assembléia Legislativa.


   A categoria está extremamente insatisfeita com o reajuste de apenas 4,5% para os professores licenciados. O governo, com essa medida, divide os trabalhadores e desrespeita a relação interníveis, vez que os professores não licenciados ou com licenciatura curta terão um reajuste de 17,28% .


   A APLB-Sindicato defende um reajuste salarial de 17,28% para toda a categoria e lembra ao governo que, de acordo com estatísticas do Dieese, as perdas salariais acumuladas nos último 12 anos ultrapassam os 80%.


    Se queremos uma educação comprometida com a transformação social, se desejamos tirar a Bahia da condição de campeã em número de analfabetos, devemos apostar numa gestão verdadeiramente democrática e que valorize os profissionais da educação.


    A mesa setorial de negociação precisa ser instaurada. Esperamos que o governo se sensibilize com a situação dos professores, pais e alunos e negocie com a categoria.