Ironia da vida política: o governador Jaques Wagner (PT) dada sua amizade com o presidente Lula da Silva conseguiu que a Caravana da Educação do MEC passasse em primeira mão pela Bahia.

    O que, de fato, aconteceu nesta quarta-feira, 9, com o anúncio de um programa que visará reduzir o analfabetismo entre adultos, em 1 milhão de pessoas, até 2010.

    Mas, a ironia foi que no dia do lançamento do programa, os professores da rede estadual de ensino iniciaram uma paralisação. Ou seja, os principais protagonistas do processo estavam com os braços cruzados.

    NOVA ASSEMBLÉIA

    Nesta quinta-feira, 10, uma nova assembléia decidirá se a paralisação será provisória, até que o governo apresente uma proposta melhor para o reajuste dos salários, ou se se transformará em permanente, uma greve por tempo indeterminado.

    A proposta atual do governo é a seguinte: os professores nível 1, que recebem R$ 324 mensais, teriam um reajuste total de 17% até novembro - passariam a receber o salário mínimo, de R$ 380, apenas no fim do ano, sem compensação retroativa - e os demais teriam um reajuste de 3,3%, que seria correspondente à reposição da inflação. 
 
    Os professores consideram que essa proposta não atendem suas reivindicações e haverá um "achatamento salarial" - maior proximidade entre os vencimentos de diferentes níveis de remuneração, os intertícios.

    Reivindicam, ainda, o cumprimento da promessa de eleição direta para a escolha dos diretores das escolas estaduais, feita pelo então candidato do PT Jaques Wagner durante a campanha para o governo baiano, no ano passado. 

   MAIS IRONIA

   Em sua passagem por Salvador, o ministro da Educação, Fernando Haddad, destacou com todas as letras que, para êxito nos projetos e programas da Caravana da Educação, é preciso resgatar a importância do professor no processo educativo".

    Entende o ministro, uma situação que todo mundo já sabe, que o professor é a figura central do processo de desenvolvimento da educação.

    Em A Tarde, edição desta quarta-feira, 9, há um artigo do professor Nelson Preto, especialista em educação, novas metodologias de ensino e outros, destacando exatamente isso: que ao governo está fazendo muita zuada com o PED, quando, a rigor, o importante é valorizar a figura do educador, inserindo-o no contexto de forma mais justa.

    E isso, obviamente, passa por melhores salários.