Salvador

CAOS AÉREO DERRUBA TURISMO EM SALVADOR DURANTE A SEMANA SANTA

O presidente teme que um problema administrativo, mal conduzido, se transforme numa crise militar
| 03/04/2007 às 06:12
Comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, recebeu apoio de colegas (Foto/Folha SP)
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   O caos aéreo com apagões e incertezas está prejudicando o setor de turismo. Em Salvador, durante a Semana Santana que se inicia praticamente nesta quarta-feira, a expectativa de ocupação dos hotéis era de 90%, mas, segundol fontes do setor, nem 70% dos apartamentos estão reservados e, ainda assim, não há certeza de que os hóspedes vão chegar.

    Muitos hoteleiros estão recebendo ligações cancelando pacotes e reservas individuais. Desde o início da crise, há seis meses, a queda na venda de pacotes de viagens já chegou a 40%. O presidente da Associação das Operadoras de Turismo, José Zuquim, disse que os turistas mudaram o destino das viagens. "Ele prefere uma alternativa de viagem mais próxima e com deslocamento para a praia ou para o campo, próximo a cidade dele," afirmou. 


   Os setores da aviação civil e da hotelaria estão querendo cobrar a fatura dos prejuízios ao governo federal e pretendem ajuizar ações que envolvem algo em torno de R$100 a R$200 milhões de reais. O ministro da Defesa, Waldir Pires, ainda prestigiado pelo presidente Lula, se mantém nos encontros de cúpula do governo, mas, a rigor, foi praticamente afastado das negociações diretas para resolver a crise do apagão. O presidente Lula deu o prazo, a si mesmo, de que nesta terça-feira,3, a situação se resolveria.

   O MOTIM DOS SARGENTOS

   O presidente Lula da Silva decidiu que não irá receber no Planalto representantes dos sargentos que promoveram o motim que paralisou os aeroportos brasileiros. A audiência fora prometida aos sublevados pelo ministro Paulo Bernardo (Planejamento), destacado pelo próprio presidente para negociar o fim da paralisação, mas foi cancelada.


   O presidente chegou a temer que um problema administrativo do setor aéreo poderia derivar para uma crise militar. O comandante da Aeronáutica, Juniti Saito sentira-se desautorizada pelo presidente. E obtivera a solidariedade dos colegas do Exército, Enzo Peri, e da da Marinha, Júlio Soares de Moura Neto. Lula concluiu que precisava dar sinais de prestígio aos três comandantes, sob pena de agravar a crise.

   O ministro da Defesa, Waldir Pires, praticamente foi afastado das negociações, papel que vem sendo desempenhado ou pelo próprio presidente da República (no caso dos comandos militares) ou pelo ministro do Planejamento, Paulo Renato (no caso dos controladores).

    O Palácio do Planalto assegurou ao comandante Juniti Saito que a desmilitarização do controle do tráfego aéreo civil não será feito à revelia da Aeronáutica. Ao contrário. Pediu a Saito que a Aeronáutica contribua com a redação do texto da medida provisória que instituirá o novo modelo. E atenuou um dos compromissos que Paulo Bernardo assumira com os sargentos insurretos: o de rever as sanções disciplinares impostas aos controladores de vôo.
  
   Afirmou o presidente Lula que a revisão será feita no limite do que a Aeronáutica considerar razoável. Numa das reuniões que promoveu ao longo do dia, Lula discutiu com Saito e com os ministros Waldir Pires (Defesa), Paulo Bernardo (Planejamento) e Dilma Rousseff (Casa Civil) os termos do entendimento que será proposto aos controladores de vôo.
 
   O governo confirmou para esta terça-feira, 3, a reunião de Paulo Bernardo com representantes da categoria.