Salvador

ANIVERSÁRIO DE SALVADOR: 458 ANOS, 472 OU 497. ESSA É A QUESTÃO.

IGHB deveria rediscutir a data
| 29/03/2007 às 07:10
Correio da Bahia destaca discussão sobre data de aniversário da cidade (F/ABJ)
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   Embora o Instituto Geográfigo e Histórico da Bahia (IGHB) - já dito neste Bahia Já - tenha estabelecido 29 de março de 1549, como data simbólica de fundação da cidade do Salvador, na atualidade, o assunto volta a pauta considerando que a comissão de historiadores nomeada pelo então prefeito Osvaldo Veloso Gordilho, ao firmar o parecer do relator Frederico Edelweiss estabelecendo a data símbolo de 29 de março, não levou em conta a Vila Velha do Pereira e a Aldeia Euro-Tupinambá de Diogo Álvares, o Caramuru.

   Daí que, a polêmica presiste, pois, se desconheceu toda essa história da localidade, belíssima por sinal, uma vez que é exatamente nesse hiato, entre 1509/1511 (chegada de Diogo Álvares, o Caramuru) e 1535 (data de instalação da Capitania Hereditária da Bahia, com Francisco Pereira Coutinho); e entre 1535/1549 (data de chegada da armada de Tomé de Souza) que se dá a miscigenação nacional com a união entre nativos tupinambás e europeus. 

   Olinda e Recife não passaram a borracha em sua história e as localidades completaram no último dia 12, 472 e 470 anos, respectivamente, considerando a data de chegada do seu donatário Duarte Coelho Pereira.

    IDADE DISCUTIDA

    O Correio da Bahia em sua edição de hoje comenta a tese defendida pelo Bahia Já e seu diretor de redação, em matéria de Flávio Novaes. Para o historiador Cid Teixeira, a decisão do IGHB de considerar o 29 de março de 1549 é correta. Segundo ele, "não se inclui o período da capitania, não tinha motivo para fazer isso".

   Eugênio Lins, superintendente do IPHAN, também concorda com o 29 de março e diz que, em Pernambuco, Olinda e Recife evoluiram e se transformaram em cidade, "o que não aconteceu com a Vila do Pereira. Outro historiador e arquiteto, Franciso Senna endossa: "a vila (do Pereira) não progrediu e só depois, com a fundação de Salvador, é que o processo segue normalmente".  

   Ora, a vila não progrediu porque o local escolhido pelo mestre de obras Luís Dias e pelo governador Geral, Tomé de Souza, foi o altiplano da atual Praça Municipal, mas, ainda assim, a vila existia, era real, e a história não poderia ter desconsiderado a sua existência. Até porque, estão lá a Igreja de Nossa Senhora das Graças, a Igreja de Nossa Senhora da Vitória, e pelo menos a da Graça é anterior a fundação da cidade. A capela da Graça erguida por Diogo Álvares e Catarina Paraguaçu data de app 1530. 

   Aliás, foi com esse tipo de beneplácito que transformaram a Rua Direita do Palácio ou Rua dos Mercadores, uma das mais antigas do Brasil, em Rua Chile, e hoje se comemora cento e poucos anos dessa rua, inclusive com apoio e chancela da Câmara de Vereadores, quando a rua tem 458 anos.