Secretário de Saúde, Luis Eugênio, acusou diretamente o Correio da Bahia
O delegado chefe do DCCP, Arthur Gallas, acusou setores da imprensa (sem citar especificamente qual órgão ou orgãos da imprensa) de ter comportamento "irresponsável" e até ter atrapalhado as investigações. Ninguém entendeu as declarações do jovem delegado, até porque, a imprensa não tem o poder de atrapalhar nada e apenas de divulgar os fatos.
Como as apurações do inquérito estavam sob o regime de segredo de justiça, até agora ninguém sabe exatamente porque, especialmente em se tratando de um homicídio que ocorreu no âmbito de uma repartição pública (daí que a transparência deveria ser até maior), ou em torno de que se baseou o delegado para acusar a imprensa.
A rigor, o que os meios de comunicação estão fartos de saber, é que todo vez que faltam argumentos a alguém (e a declaração de Gallas se insere dentro de dezenas de outras, neste país), culpa-se a imprensa. E aí, os adjetivos são os mais corriqueiros: marrom, irresponsável, inconsequente, etc.
LUIS EUGÊNIO ATACA
CORREIO DA BAHIA
O secretário Luis Eugênio também atacou hoje o Correio da Bahia classificando-o de jornal político que visa macular a imagem do governo do município, sem provas, e destacou em programas de rádio e de televisão, que não admitiu à polícia a existência de uma máfia no interior de sua secretaria.
Ademais, destacou o secretário que seu depoimento à Polícia (falou desse assunto na Metrópole, em Varela e em A Tarde) teria sido de "pouco mais de uma hora" e não quis entrar em detalhes sobre os depoimentos dados a comissão de vereadores.
OPINIÃO DO BAHIA JÁ
SOBRE PAPEL DA IMPRENSA
A imprensa baiana teve muita dificuldade de acompanhar as investigações do assassinato de Neylton, quer porque a polícia entendeu que o assunto tinha que ser tratado com segredo de justiça; quer porque a Prefeitura do Salvador, através da Secretaria de Saúde e da Secom não facilitaram o trabalho dos jornalistas.
Em se tratando de um crime dessa natureza, envolvendo um servidor município e praticado no interior de uma secretaria com fortes suspeitas do envolvimento da subsecretária de Saúde, Aglaé Souza, de uma consultora, Tânia Pedroso, era de se esperar que as informações fossem mais transparentes à luz da opinião pública. Não foram.
O secretário da Saúde, Luis Eugênio, principal autoridade da Secretaria só foi ouvido pela polícia um dia antes da conclusão do inquérito, e não respeitou a Comissão de Vereadores sequer respondendo aos pedidos que lhes foram feitos.
A polícia se trancou em copos a partir do momento em que um desembargador concedeu habeas corpus para liberar as apontadas mandantes do crime, e o trabalho se tornou ainda mais dificil.
Mas, nem por isso, a imprensa se acovardou, se omitiu, e todos os veículos de Salvador - os da imprensa escrita - A Tarde, Correio da Bahia, Tribuna da Bahia; os meios multimidias - este BahiaJá, Samuel Celestino, Jornal da Mídia, etc; as emissoras de TV - Itapoan, Bahia, Aratu, Band; e as emissoras de rádio - Metrópole, Sociedade, Nova Salvador, Band News,etc - fizeram as suas partes de acordo com os estilos próprios de cada veículo, com responsabilidade, observando-se as dificuldades já expostas acima.
Então, querer culpar a imprensa numa situação dessas é, no mínimo, criar um bode expiatório para ser econômico em não adjetivar o trabalho da polícia de inconcluso e confuso. (TF)