Salvador

CRIME DA SAÚDE: CONTRATOS MILIONÁRIOS PODEM MANCHAR IMAGEM DA UFBA

Os contratos são considerados altos para trabalhos de aprimoramento de atividades
| 27/02/2007 às 12:09
Vereadores que integram a comissão suprapartidária que acompanham a apuração do crime que vitimou com morte o servidor da Secretaria de Saúde do Município, Neylton Souto, estão estranhando o comportamento da UFBA que, até agora, não veio a público revelar às claras os convênios milionários feitos com o Instituto de Saúde Coletiva (1.6 milhão de reais) e com a Escola de Administração (1.8 milhão de reais).
O que parece ainda mais estranho - segundo o vereador Alan Sanches, líder do PSDB - é o teor, o objetivo do convênio com a Escola de Administração: "progressivo aprimoramento das atividades a serem realizadas com a implantação e manutenção da Gestão Plena de Saúde". Ou seja, uma atividade meio sobre a qual, se supõe, não deveria envolver tanto dinheiro. Além do que, também com a UFBA, há outro convênio em que se fala em "consultoria técnica e fortalecimento do SUS".

CONTRATOS CABELUDOS

Os meios políticos de Salvador estão assustados com os teores dos convênios e os valores praticados pela Prefeitura. Com uma empresa chamada Roberto D'Onofrio para serviço de transporte náutico paga-se 1.3 milhão; com a Empresa Baiana de Armazéns Gerais 256 mil reais/mês. E com uma empresa de São Paulo, de onde veio a consultora Tânia Pedroso, um contrato para administrar o 16º Centro de Saúde, em três meses, 1.5 milhão de reais.
O vereador Teo Senna (líder do PFL) quer abertura da caixa preta dos contratos. Os vreadores querem também explicações do Secretário de Saúde, Luis Eugênio Portela, e do prefeito João Henrique.

NA ASSEMBLÉIA

O crime da saúde repercutiu na Assembléia Legislativa com pronunciamento do deputado Sandro Régis (PL), o qual, destacou que "é do conhecimento de todos que uma das acusadas de serem mandantes do crime é militante do PC do B e a outra teria sido indicada pelo secretário de Saúde do Estado, Jorge Solla. O deputado destacou, ainda, se algumas clínicas conveniadas com a Saúde Municipal "contribuiram com recursos para campanhas políticas, o que seria muito grave".

NO SENADO

O senador ACM (PFL), no plenário da Casa, também abordou o crime destacando que Tânia Pedroso "já estava envolvida no Caso Celso Daniel (prefeito do PT de Santo André, SP, assassinado); não é a sua primeira vez e foi ensinar na Bahia como se faz assassinato". ACM também critiou a postura do desembargador Mário Alberto Hirs que determinou a soltura das duas pessoas - Aglaé e Tânia - apontadas pela polícia como mandantes do crime.

NOVAS PERSONAGENS

A comissão de vereadores já teria conhecimento de que há uma contadora da Sec de Saúde do Município que participou da avalaiação dos contratos e que o Fundo de Gestão da Saúde Plena é gerenciado, oficialmente, por Ana Lúcia Nunes, uma vez que Tânia Pedroso embora desse as cartas no setor não estava capacitada, legalmente, para assinar quaisquer papéis e faturas, competância de Ana Lúcia, da contadora e do sec Luis Eugênio.

COMENTÁRIO BAHIA JÁ

O crime da saúde ganha contornos políticos na medida em que a gestão plena de saúde foi instituida no governo João Henrique, quando o hoje secretário de Saúde, Jorge Solla, fazia parte do Ministério da Saúde e teria encaminhado Tânia Pedroso à Bahia. Além disso, independente da atuação da polícia, que está sendo elogiada por todos os interessados em saber quem mandou matar Neylton Souto e porquê, o assunto chegou as três casas legislativas - Câmara de Vereadores, Assembléia Legislatica e Congresso Nacional - e daí não deverá sair até que todos os fatos sejam elucidados. Um deles, o mais político de todos, é saber se houve contribuições de algumas empresas conveniadas com candidatos no último pleito eleitoral, e as ligações de Aglaé e Tânia com o PCdoB e PT.