Política

A ALBA DE COSTAS PARA A POPULAÇÃO E A DIFICIL MISSÃO IVANA BASTOS (TF)

Para entrar na história necessita realinhar a pauta da Assembleia Legislativa
Tasso Franco , da redação em Salvador | 15/09/2025 às 10:52
A missão Ivana Bastos
Foto: ASCOM ALBA

   A presidente da Assembleia Legislativa, Ivana Bastos (PSD), tem afirmado com frequência que vai administrar a Casa Legislativa obedecendo ao menos 3 parâmetros principais: votar projetos que sejam de interesse da Bahia; realizar uma gestão compartilhada com os deputados e votar os seus projetos; ser um poder aberto e receptivo a todos os segmentos da sociedade.

   Até agora, passados seis meses de sua gestão como presidente, os dois primeiros parâmetros estão sendo razoavelmente cumpridos uma vez que a bancada da Oposição tem revelado que, nem sempre os projetos emanados do Executivo representam interesses dos baianos e situam que o governador Jerônimo Rodrigues já solicitou autorização de mais de uma dezenas de empréstimos totalizando 23 bilhões  de reais, e não há uma explicação do que está sendo feito com esse dinheiro, uma vez que os PL são votados em regime de urgência, sem debates e questionamentos.

   A questão crucial para Ivana é o terceiro conjunto de critérios uma vez que a ALBA ao longo dos últimos 20 anos, ao menos, se tornou uma Casa que só privilegia os servidores públicos – estado, judiciário e legislativo - operando como uma Secretaria (Politica) de Estado. Ou seja, a Casa está de costas para a iniciativa privada que a mantém, assim como sustenta os poderes Executivo e Legislativo.

   São os impostos pagos pelas forças produtivas que fornecem o suporte financeiro para a existência do Estado. E, além das empresas, todos nós civis (servidores públicos também) colaboramos diariamente com esse suporte pagando impostos formais e os invisíveis.

  Vamos a um exemplo prático para melhor compreensão desse texto. Eu sou jornalista e tenho uma micro empresa (Simples) há 20 anos na área de comunicação. Tudo que produzo pago 16% de impostos ao estado brasileiro e mais as taxas municipais do escritório (IPTU, TLF, etc). Como cidadão, semanalmente, consumo R$20,00 em pães e R$100,00 de gasolina para ir a ALBA cobrir as sessões e a outros locais. No total, só nesses dois itens (comuns a milhões de baianos) são R$80,00 e R$400,00 e o ICMS recolhe para o Estado R$13,00 (17%) e R$108,00 (27%).

  Todo mundo paga esses impostos indiretos e é esse bolo de dinheiro que mantém o Estado em funcionamento com a contribuição de civis operários das fábricas, operários da construção civil, operários das letras, advogados, garis, ferreiros, médicos, carpinteiros, agricultores, pedreiros, enfermeiras, comerciários, comerciantes, atletas, etc, etc, etc.

  A Assembleia Legislativa entende que não existimos, que as empresas não existem, que não há um Polo Petroquímico, o CIA, o SUBAE, o polo cacaueiro, a região do São Francisco, segmentos da cultura, polo frutífero de Juazeiro, mineração do Sudoeste, agronegócio do Oeste, Federação das Indústrias, Federação do Comércio, ACS, comércio de uma forma geral e assim por diante. Somos todos invisíveis. Jornalista, por posto, é uma figura de ficção. 

   Neste 2025, todos os projetos votados na Assembleia só se referem aos servidores públicos. De uma vez só foram votados mais de dez. E esta semana está em pauta os precatórios para os professores. Não me recordo quando chegou um PL criando um novo polo industrial na Bahia.

   A Assembleia já teve em tempos idos dois deputados de Camaçari: Maria Luiza e Bira Coroa (ambos do PT) que ainda falavam dos operários do polo. Mas não foram mais reeleitos e o polo saiu de vez da pauta. Ora, os governadores Jaques Wagner e Rui Costa são “filhos políticos” do polo. E, ainda hoje, o Polo de Camaçari é a principal fonte de receita do Estado na área industrial. O Polo está passando por uma transformação com a Braskem e o projeto Verde, mas, ninguém fala nada na Assembleia.

  E o polo de bebidas de Alagoinhas como vai? Não se sabe, nada. E o polo madeireiro do Leste (eucalipto) como anda? E as culturas bovina e caprina? Só lembradas quando tem vaquejadas. E as questões ferroviárias, rodoviárias e portuárias. Zero discussão.

  A região do cacau teve (e ainda tem) representantes de Ilhéus, Itabuna e outros municípios do Sul, mas, mesmo diante do tarifaço de Trump a mudez sobre a cultura do cacau na Assembleia é geral. O mesmo acontece com a bacia do São Francisco. Recentemente, somente o deputado Jô (PcdoB) fez um rápido alerta sobre a fruticultura. E, o deputado Luciano Araújo, de vez em quando fala da problemas na região do Sisal, onde se desenvolve um grande projeto tecnológico.

 Esse é outro ponto: a Bahia tecnológica não existe na Assembleia. É como se o mundo não tivesse passando pela 4ª revolução industrial com a IA. O projeto BYD – a sua evolução, como vai como não vai, não se discute. Também não se discute a Bahia cultural nem, a Bahia turística dois polos importantes no estado.
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  Então, voltando a Ivana Bastos, veja como é complexa a sua missão como presidente da Casa se de fato ela quiser aproximar a Assembleia da sociedade. Claro que seu papel será preponderante como incentivadora e mobilizadora desse processo, mas, para isso, os deputados precisam se conscientizar de que a pauta da Casa Legislativa não se resume a dualidade Lula x Bolsonaro e a defesa dos servidores públicos.