Comentário do jornalista Tasso Franco
Tasso Franco , Salvador |
10/06/2025 às 11:58
A chapa "puro-sangue" plano A
Foto: DIV
Persiste no ar um "balão de ensaio" difundido pelo petismo na Bahia que, em 2026, a chapa majoritária ao governo e ao Senado seria "puro sangue" do PT encabeçada por Jerônimo Rodrigues, candidato à reeleição, e Rui Costa e Jaques Wagner, candidatos ao Senado.
Há, também, na difusão da imprensa local sopros também fornecidos pelo petismo de que haveria um plano B, Rui Costa a governador e Jaques Wagner e Jerônimo Rodrigues ao Senado. E até um plano C, de agrado do presidente do PT na Bahia, Éden Valadares, com Jaques Wagner a governador, Jerônimo Rodrigues e Rui Costa ao Senado.
Em quaisquer dos casos e a prevalência é a primeira hipótese a chapa seria "puro-sangue" só restando para negociar com a base a vice governadoria, hoje, ocupada por Geraldo Jr, do MDB, que cumpre sua missão muito bem.
Diria, no entanto, como na inicial falei que se trata de um "balão de ensaio" -uma sondagem - para verificar o comportamento da ampla base governista formada pelo PSD, Avante, MDB, PSB, PCdoB, PV e outros.
Acredito que também ainda é cedo para alguém morder essa isca antes do tempo uma vez que a eleição só acontecerá no segundo semestre de 2026 e ainda estamos no primeiro de 2025.
Há, portanto, tempo. E, na política, paciência é fundamental. Ninguém iria se insurgir agora para perder posições de mando nos governos - estadual e federal - uma vez que os aliados têm cargos, projetos e ações em andamento.
Alguns prefeitos, no entanto, que aturam na oposição e se elegeram nessa condição estão se aproximando do governo, talvez, o mais emblemático seja o de Jequié, José Cocá, que, ao nosso ver comete um erro político. E salvo engano, pagará um preço alto por isso, mais adiante.
Creio que, por ora, a disputa se dá mais internamente no petismo e em julho próximo essa dissidência (ou não) poderá ficar mais visível com as eleições dos diretórios municipais e estadual do PT, nesse campo mais amplo, Tássio Brito candidato a presidência estadual com apoio de Jaques Wagner e do presidente atual Éden Valadares, o que representaria uma renovação; versus Jonas Paulo, o antigo, mas que tem o apoio de Rui Costa e Jerônimo Rodrigues. E essa disputa se espalha nos diretórios municipais.
Portanto, não será nenhuma surpresa, se, mais adiante, com vitórias em mãos se acontecerem, os wagneristas reivindicarem a cabeça da chapa, em 2026.
Vale ainda observar que qualquer movimento mais firme e decisivo só será tomado no segundo semestre de 2026 porque tudo isso passa pelo aval de Lula e como estará o presidente na fita para a reeleição.
Lula tem dito com bastante ênfase que a direita não voltará ao poder no Brasil, mas, isso não depende de sua vontade ou de uma frase de efeito.
Ainda há muita água a rolar por debaixo da ponte tanto no Brasil quanto na Bahia embora os "balões de ensaios" estejam por todo país.
Sebastião Nery, analista político do Brasil republicano, experiente, falecido há pouco tempo, dizia que o movimentar as nuvens na política não se dá de uma hora para outra. Existe um tempo de maturação, de conversas, de avalições até que se consuma. Mas, as nuvens nunca estão paradas "in totum".
É o que acontece na Bahia, na atualidade, embora o petismo diga (e Wagner já deu várias entrevistas sobre o assunto) que a chapa poderá ser "puro-sangue" as nuvens, por enquanto, se movimentam lentamente, mas não estão paralisadas.
As conversas de bastidores estão em andamento no petismo, na base e na oposição. Mas, também é óbvio, ninguém vai decidir nada agora.
Historicamente falando é só lembrar da saída de João Leão (PP), da base governista, em 2022, se deu aos poucos e foi maturando a partir de 2021 quando Leão começou a manifestar o desejo de ser governador, de não apenas apoiar o petismo e ser apoiado por ele, e seus movimentos inicias não tiveram resposta. Em 2022, no momento decisivo, o PT disse não e Leão migrou para apoiar ACM Neto.
É assim que funciona e assim será, em 2026. Estamos diante de uma base com políticos experientes - Otto Alencar, Ângelo Coronel, Lídice da Mata, Ronaldo Carletto, Alice Portugal, Geddel Vieira Lima, João Bacelar - e ninguém falará nada agora esperando o momento certo para agir.
Portanto, a chapa "puro-sangue" do petismo, em 2026, pode até vingar, mas tem todos esses fatores ainda em andamento.