O pedido de prisão, sigiloso, foi apresentado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. A TV Globo teve acesso ao documento.
Tasso Franco , Salvador |
03/06/2025 às 17:43
Carla Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a prisão preventiva e a inclusão na lista da Interpol da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A parlamentar deixou o Brasil e anunciou que está nos Estados Unidos, mas deve se deslocar para a Europa, como revelaram os jornalistas Andréia Sadi e Octavio Guedes. A deputada afirmou que vai se submeter a tratamento médico e se licenciará do mandato.
"Não se trata de antecipação do cumprimento da pena aplicada à ré, mas de imposição de prisão cautelar, de natureza distinta da prisão definitiva, com o fim de assegurar a devida aplicação da lei penal", diz o texto.
"Há necessidade, além disso, para eficácia da medida requerida e igualmente assegurar a aplicação da lei penal, de inclusão do nome da parlamentar requerida na difusão vermelha da INTERPOL, com a suspensão de seu passaporte e imediata comunicação aos países", completa Gonet, que pediu ainda o sequestro e indisponibilidade de bens da parlamentar.
Para a PGR, a deputada deve ser considerada foragida "por ter se evadido para outro país e anunciado publicamente sua permanência na Europa e a transgressão da decisão condenatória proferida pela mais alta Corte do país, em que secominou pena a ser cumprida inicialmente em regime fechado."
Há 20 dias, a parlamentar foi condenada por unanimidade pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Em 2023, Zambelli chegou a ter o passaporte apreendido durante as investigações, mas o documento foi devolvido e ela não tinha restrições para deixar o país. No último dia 25, ela deixou o Brasil pela fronteira com a Argentina e se dirigiu para Buenos Aires, de onde voou para os Estados Unidos.
Ministros do STF ouvidos pela GloboNews viram na saída de Zambelli do país uma fuga para tentar evitar os resultados do julgamento.
BAI PARA A ITÁLIA
A ex-deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) disse nesta terça-feira, 3, durante entrevista à CNN Brasil, que irá se mudar para a Itália por ser uma cidadã do país europeu.
Atualmente, Zambelli está nos Estados Unidos após ter sido condenada no caso da invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com o hacker Walter Delgatti em 2023.
"Como cidadã italiana eu sou intocável na Itália, não há o que ele (Ministro Alexandre de Moraes, do STF) possa fazer para me extraditar de um país onde eu sou cidadã, então eu estou muito tranquila quanto a isso", disse ela em participação ao Bastidores CNN.
Segundo ela, a viagem para fora do país teria a finalidade de cuidar de um problema de saúde, do qual pediria licença do cargo público, mas agora, deve se mudar em definitivo para o país europeu.
A Itália possui, nos dias de hoje, uma maioria da direita liberal no poder legislativo e executivo, direcionamento político semelhante ao de Zambelli, o que pode ajudá-la na adaptação após a saída do Brasil.
Walter Delgatti e Carla Zambelli: STF condenou o hacker e a deputada por invasão ao sistema do CNJ em 2023
Foto: @carlazambelli via Instagram / Estadão
A prisão de Carla Zambelli foi determinada em meados de maio deste ano. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou, por unanimidade, ela ao cumprimento de 10 anos de detenção em regime fechado, além do pagamento de R$ 2 milhões "a título de danos materiais e morais coletivos".
Ainda cabe recurso à decisão. A defesa da ex-deputada busca o cumprimento da prisão em regime domiciliar devido a problemas de saúde.