Política

BOLSONARO FAZ BARBA E BIGODE NAS ELEIÇÕES NA CÂMARA E NO SENADO (TF)

O presidente tem comportamento volátil, mas se não errar muito vence a disputa em 2022
Tasso Franco , da redação em Salvador | 02/02/2021 às 11:40
Bolsonaro com a mão próxima da taça
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   O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teve uma expressiva vitória política com as eleições de Arthur Lira (PP/AL) para presidência da Câmara, e Rodrigo Pacheco (DEM/MG), para a presidência do Senado. 

   A maior de todas as vitórias (até agora) do seu governo sepultando (é verdade) promessas de campanha de uma nova política no país e retormando o fio da meada da velha política brasileira do toma-lá-dá-cá. 

   Aliás, o Brasil sempre foi assim. Bolsonaro sequer tentou incrementar a nova política prometida na campanha de 2018 e resolveu, para se manter no poder, adotar o que sempre se praticou no país.

   Diz-se que prefeitos, governadores e o presidente da República só perdem eleições para as câmaras municipais, para as assembleias legislativas e para a Câmara Federal e ao Senado quando não usam a tinta das canetas. Usou, ganham. 

  Veja, as últimas eleições para a presidência da Assembleia na Bahia. Havia um acordo feito em 2000 do PP ficar dois anos na presidência e nos dois anos seguintes o PSD (2021/2022). 

   João Leão, vice governador, quis melar o acordo e lançou um nome (deputado Niltinho) para presidência da Casa tentando ficar 4 anos. O governador Rui Costa mandou o recado: "Não sou político de descumprir acordo". Niltinho retirou o nome e o PSD assumiu, ontem, com Adollfo Menezes (PSD) na presidência. 

   No fundo é o "centrão" da Bahia no comando da ALBA. Mas, a esquerda baiana que apoiou Adolfo em peso incluindo toda a bancada do PT fica calada. Se finge de morta. Acha natural. 

  Em Brasília, quando Rodrigo Maia se insurgiu contra Bolsonaro, mas não teve coragem de colocar uma das 58 solicitações de impeachment para andar contra o presidente e a tinta de sua caneta já estava seca, Bolsonaro ainda tem 2 anos de mandato com a bic carregada, Maia não conseguiu sequer segurar seu partido o DEM que acabou bandeando para Artur Lira com ACM Neto à frente. 

   A política é a praxis, a prática, e o DEM sempre trafegou acomodado junto ao poder. Não há nenhuma supresa nisso. 

   Neto fez o que o DEM semnpre praticou, o toma-lá-dá-cá. E, obviamente, está preocupado com sua candidatura a governador, em 2022, e viabilizar isso com uma boa ancoragem nacional. Tem sentido.

   Bolsonaro é volátil, mas não é burro. Sentiu que se não se entregasse a velha política naufragaria e resolveu apelar para o antigo jogo que foi praticado por todos os presidentes. 

  FHC quando partiu para a reeleição (ainda não existe esse modelo) é público e notório como tratou o Congresso. Lula disse que na Câmara havia 300 'picaretas' mas quando chegou ao Poder mudou de ideia e foi o extremamente simpático ao Congresso. Só quem cometeu erro grasso foi Dilma Rousseff, mas até ele foi perdoada (foi cassada mas não perdeu os direitos políticos) porque se tratava de uma invenção do Lula não uma política no modelo normal nacional. E Temer, fez o jogão completo.

  Bolsonaro ganha fôlego para disputar a reeleição com as vitórias na Câmara e no Senado. Se souber conduzir o processo daí para frente, garantindo o que prometeu, fica mais forte para 2022. 

   Ninguém deve esperar nada em relação as reformas de Paulo Guedes. O "Centrão" não gosta de fechar estatais ineficientes e outros gargalhos governamentais. Ao contrário: adora uma estatal e quando mais deficitária melhor. Quem paga a conta não é ele, então o ministro da Economia que se vire para pagar as despesas. 

  E Bolsonaro já viu que essse é o jogo tanto que as reformas de Guedes nunca sairam do papel, nem vão sair, salvo uma coizinha ou outra.

   Coisa pesadona, a 'new" politica, o fim da corrupção, fim da EBC, do Correios, Eletrobras, Petrotras, Caixa, BB, esqueça. É provável que o auxilio emergencial retorne logo - o centrão é ágil, prático - e Bolsonaro vai se equilibrando no poder agora sem o fantasma do impleachment. 

   Se conseguir avançar e controlar a vacinação contra a Covid é que põe a mão na taça em 2022.