Agora é esperar a quinta-feira para ver se ele não muda de ideia
Tasso Franco , da redação em Salvador |
08/04/2020 às 21:23
Bolsonaro na TV
Foto: Rep
Em tom moderado e até falando em "salvar vidas" o presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta quarta-feira, 8, em pronunciamento em rádio e TV, o uso da cloroquina no combate ao coronavírus, destacando resultados positivos em pacientes diagnosticados com a covid-19, embora não haja estudos conclusivos sobre a eficácia do medicamento.
Na declaração em cadeia nacional - a quinta desde o início da crise envolvendo a pandemia -, o presidente também voltou a criticar medidas de isolamento social e a volta ao trabalho, mas adotou um tom mais conciliador em relação a governadores.
"Após ouvir médicos, pesquisadores e chefes de Estado de outros países, passei a divulgar, nos últimos 40 dias, a possibilidade de tratamento da doença desde sua fase inicial", afirmou o presidente, citando o caso do médico Roberto Kalil Filho, diretor-geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, que se recuperou após ter sido contaminado com o coronavírus. Ele admitiu nesta quarta-feira ter tomado a cloroquina e disse que recomendaria a seus pacientes. "Essa decisão poderá entrar para a história como tendo salvo milhares de vidas no Brasil. Nossos parabéns ao Dr. Kalil."
A defesa da aplicação da cloroquina, sem restrições, contraria o que diz o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A recomendação da pasta tem sido de adotar a substância apenas em casos mais graves. A cloroquina ou a sua variação, a hidroxicloroquina, é usada para o tratamento da malária e de doenças autoimunes.
Na segunda-feira, Mandetta afirmou ter sido pressionado por dois médicos a editar um protocolo para administração do remédio em pacientes da covid-19, após reunião com Bolsonaro. Ele se recusou alegando ausência de embasamento científico.
Na fala de hoje, Bolsonaro disse que seus ministros "devem estar sintonizados com ele". "Tenho a responsabilidade de decidir sobre as questões do País de forma ampla, usando a equipe de ministros que escolhi para conduzir os destinos da nação", afirmou o presidente.