Iniciativa partiu do deputado estadual Hilton Coelho e do vereador Marcos Mendes, ambos do PSol
Elieser Cesar , Salvador |
03/09/2019 às 19:01
Marcos Mendes
Foto: divulgação
Completados sábado passado (31 de agosto), os 102 anos de fundação do Departamento de Estradas de Rodagem da Bahia, o antigo Derba, extinto em 2015 pela primeira reforma administrativa do governador Rui Costa, foram destacados na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) pelo deputado estadual Hilton Coelho e na Câmara de Salvador pelo vereador Marcos Mendes, ambos do PSol. Ambos lamentaram o fim da autarquia e ressaltaram que, durante quase um século, o Derba prestou uma inestimável contribuição ao desenvolvimento regional e a integração econômica das diversas regiões da Bahia, antes ilhas distantes e isoladas, ao construir quase 20 mil kms da malha rodoviário estadual, tendo se constituído em uma das melhores escolas de engenharia rodoviária do Brasil, com a formação e qualificação de quadros respeitados em todo o país e até no exterior.
No mesmo 31 de agosto se comemorou o “Dia do Rodoviário Baiano”, instituído pela AL-BA que, em 1968, aprovou por unanimidade Projeto de Lei do então deputado estadual Gabino Kruscheswk, para homenagear os funcionários do Derba, pioneiros na construção de estradas na Bahia. Para Hilton Coelho e Marcos Mendes, a velha autarquia do rodoviarismo baiano foi extinta de maneira açodada, irresponsável e lesiva aos interesses da Bahia, já que sua ausência vem deixando esburacada boa parte da malha rodoviária estadual e encarecendo as obras de manutenção , conservação preventiva e recuperação das estradas, hoje sob a responsabilidade de empreiteiras terceirizadas.
EXTINÇÃO PROVOCOU ASSÉDIO MORAL E DOENÇAS EMOCIONAIS
Hilton Coelho lembrou que “um dos efeitos perversos da extinção Derba foram os registros de assédio moral e perseguição aos servidores remanescentes, muitos obrigados a trabalhar em outros órgãos da administração em funções para as quais não estavam qualificados”. “Por conta disso”, prosseguir o deputado, “foram registrados, entre a categoria, casos de doenças emocionais, como angústia, ansiedade, hipertensão, depressão, AVC, infarto e até câncer”.
Já Marcos Mendes acrescentou que “outro efeito colateral da medida pode ser facilmente visualizado no estado precário de boa parte das rodovias baianas, com longos trechos esburacados e sem a devida manutenção, o que vem colocando em risco a segurança e a vida de motoristas e passageiros. Nada disso acontecia com a presença do Derba e das suas 20 Residências de Manutenção e Conservação, situadas em microrregiões estratégicas do Estado, para melhor responder às demandas das rodovias estaduais”.
Em seu discurso, o deputado Hilton Coelho apontou também que para o lugar do Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia, o último nome do antigo Derba, foi criada a Superintendência de Infraestrutura de Transportes (SIT), também vinculada à Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra), mas que não tem a mesma estrutura, o mesmo quadro de pessoal e os equipamentos de que sua antecessora dispunha.
Hilton citou o engenheiro Nilton Borges Ramos, presidente da Asderba/Sindicato e, ao lado de muitos derbianos, trava uma luta desigual para manter o legado da autarquia e garantir os direitos trabalhistas de seus servidores e ex-servidores, para afirmar: “A dilapidação do patrimônio do DERBA, avaliado em torno de R$40.000.000.000,00 (quarenta bilhões de reais), compreendendo os quase 20 mil km de rodovias , hoje bastante danificadas, dos Parques das 20 (vinte) Residências de Conservação e Manutenção e dos seus numerosos e diversificados equipamentos , é algo que deve ser devidamente apurado, pois se configura em um crime de Lesa Pátria”
Por fim, o parlamentar sugeriu ao governador Rui Costa “que faça uma demonstração de humildade e reconsidere a extinção do Derba, que só trouxe prejuízos ao povo baiano e ao erário público, recriando a estrutura da antiga autarquia, como fez, aliás, o governador do Maranhão, Flávio Dino que, numa sábia decisão, trouxe de volta o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem, após duas décadas de extinção”. Já na Câmara de Salvador, Marcos Mendes disse que a história do antigo Derba “é ainda um caminho que jamais deve ser esquecido, e, sim, seguido e relembrado”.
LÍDER DA MINORIA DA AL-BA TAMBÉM COBROU O RETORNO DO DERBA
Logo após o discurso do deputado Hilton Coelho, o líder da minoria na Assembleia Legislativa da Bahia, Targino Machado (DEM), também cobrou o retorno da estrutura do Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia, a última nomenclatura do antigo Derba. Targino alegou que “o Estado não está dando conta da manutenção das estradas na Bahia”.
Ele concordou com a definição do presidente da Asderba/Sindicato, Nilton ramos, citado por Hilton Coelho, para quem “a extinção do Derba repersentou um crime de lesa pátria”. “Gostaria que a Secretaria Estadual de Infraestrutura provasse que um quilômetro de estrada c usta, hoje, o que custaria se estivesse ainda sido feito pelo Derba”, desafiou o líder da minoria.