Targino Machado pede apoio às Filarmônicas da Bahia: ‘As Filarmônicas precisam de respostas’
Targino Machado , Salvador |
28/05/2019 às 15:27
Targino Machado
Foto: divulgação
As Filarmônicas fazem parte de uma tradição centenária, sendo a “Nazarena”, de Nazaré das Farias, a mais antiga do Estado da Bahia. Na maioria dos municípios do estado, as Filarmônicas são as únicas responsáveis pelo acesso ao ensino de música. Assim era na minha terra. Somente por esta circunstância, as Filarmônicas já merecem um olhar diferenciado da sociedade civil, do Poder Legislativo e dos governantes.
Quero sair em socorro dos meus colegas deputados estaduais, para que as pessoas não deixem a Audiência Pública com a impressão que os deputados têm R$ 1.5 milhão de reais, como disse a deputada Fabíola Mansur durante o encontro, e não tem destinado esses recursos às Filarmônicas e para a cultura da Bahia. Ocorre que as Emendas Parlamentares, aqui da Assembleia Legislativa da Bahia, são como loteamento na Lua, que ninguém vê, por isso ninguém compra, e ninguém paga.
Todos precisam saber que os governos estaduais não têm cumprido a Lei, apesar de ser Lei, onde obriga-o a pagar as emendas impositivas dos deputados. Eu, por exemplo, de 2011 para cá, sou campeão, disparado, na apresentação de emendas parlamentares, e nem isso me fez merecer que o governo privilegie-as.
O Maestro Fred Dantas fez uma proposta de ajuda financeira no valor de R$ 50 mil e tenho a dizer: em nome da Liderança da Oposição na ALBA, abro mão de todas as formalidades legislativas para colocar na Ordem do Dia, para votação, em regime de acordo, um projeto de autoria da Comissão de Cultura, que destine às Filarmônicas essa ajuda financeira, que considero irrisória pelo que se gasta com tantas outras coisas.
As Filarmônicas não vieram para a Audiência Pública buscar discursos. Não é isso que quero fazer. Precisamos produzir efeitos, indo ao encontro de manter viva a célula mater da cultura em tantos rincões da Bahia. Não tenho isenção para falar das Filarmônicas, pois sou de uma geração saudosista de São-gonçalenses, contaminada pelas exibições da “Lira São-gonçalense” nos coretos da Praça da Matriz na minha cidade São Gonçalo dos Campos.
Saudade das retretas, saudade da época onde as Filarmônicas tinham mais prestígio no seio da sociedade e uma atenção maior dos agentes públicos e dos nossos governantes. Saudade das festas do Padroeiro, onde as Filarmônicas reinavam sem a concorrência desleal dos carros de som, dos minitrios e trios elétricos. Aliás, as Filarmônicas custam infinitamente menos do que custam as exibições dos trios elétricos.
A sociedade tinha mais poesia e mais jovens recrutados pelas Filarmônicas para as escolas de música e não eram alcançados pelas drogas e pelo crime, pois elas tinham um papel social, e precisam continuar tendo.
Quero pedir socorro, em nome de todas as Filarmônicas da Bahia, ao Líder do Governo na ALBA, deputado Rosemberg Pinto, que temos, ao longo deste ano, feito tudo em absoluta harmonia, para que todas as emendas parlamentares sejam aprovadas, mas que também sejam executadas pelo Governo. De já, e convoco todos os deputados da Casa para fazerem o mesmo, temos R$ 1.5 milhão de emendas e quero destinar, no orçamento deste ano, esse valor para todas as Filarmônicas da Bahia.
Se isso ocorrer, tiraremos as Filarmônicas deste papel de estar em constante humilhação atrás de recursos mínimos para poder sobreviverem. Não quero entender como apoio cachê de seis mil reais para as Filarmônicas. Cachê é cachê, apoio é apoio. Que não se fale que o contingenciamento de verbas federais dificulta o atendimento das demandas das Filarmônicas, vez que não faltam recursos para se pagar os cachês a tantos e tantos atores do axé, do pagode e de outros ritmos que desfilam na Bahia.
Neste ano, apresentei uma Indicação ao Governo do Estado para adotar medidas de apoio a Lira Municipal São-gonçalense. Isso foi no dia 16/04/2019, mas ainda não tivemos retorno. As Filarmônicas precisam de respostas.