O debate foi muito bom ainda que longo e cansativo devido altas horas da noite
Tasso Franco , da redação em Salvador |
05/10/2018 às 09:29
Candidatos a presidência
Foto: Marcelo Dias
O debate realizado pela Rede Globo entre os candidatos a presidência da República na noite de ontem e madrugada de hoje revelou que os destaques ficaram para Ciro Gomes (PDT) e Henrique Meireles (MDB), os que mais apareceram aos olhos dos telespectadores e se sobressairam sobre os demais presentes por afirmações mais firmes e convincentes.
Diria, mesmo, que Ciro foi aquele que forneceu ao telespectador informações mais elucidadoras sobre o panorama do Brasil, país que vive momento de grande dificuldade.
Fernando Haddad, candidato do PT, perdeu uma excelente oportunidade de destacar-se, até criticando a ausência de Jair Bolsonaro (PSL) de forma mais dura, porém, não o fez e ficou muito preso ao tentar mostrar que é um candidato com personalidade própria dentro do PT, um professor universitário que vive do que tece tal uma aranha, mas isso não convence ninguém porque todos sabem que ele é comandado pelo ex-presidente Lula da Silva.
Aliás, nem isso, a defesa de Lula, ele conseguiu fazer no debate, papel que coube a Ciro Gomes.
Em alguns momentos, Haddad amparou-se na proteção de Guilherme Boulos (PSOL) nas perguntas em dobradinha evitando um confronto mais direto com os outros candidatos, salvo também com Ciro, o que em nossa opinião não foi bom para ele uma vez que o telespectador quer ver o confronto das ideias e o desempenho dos candidatos. Nesse aspecto, Geraldo Alckmin (PSDB) foi mais insisivo e partiu logo de cara no confronto com Haddad.
Nesse jogo de dobradinhas Ciro/Haddad, Haddad/Boulos, Meireles/Ciro, Geraldo Alckmin (PSDB) ficou parte do debate isolado e teve poucas chances de expor suas ideias e as criticas ao PT. Aliás, o melhor do seu desempenho foi exatamente no momento em que criticou duramente o PT e Lula/Dilma, segundo ele, responsáveis pela quebradeira da Petrobras e do país e aprofundamento da crise nacional.
Alvaro Dias (Podemos) folclorizou e satirizou o debate o tempo todo a ponto da incial sequer ter feito a pergunta ao seu opositor no momento da bancada e ficar falando do apresentador William Bonner. Alvaro também foi um dos mais duros na critica aos governos do PT e aos ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff. Aquela personagem serena do Alvaro vista em seus programas de TV no horário eleitoral desapareceu por completo no debate.
A candidata da Rede, Marina Silva, manteve sua postura messiânica destacando o desenvolvimento sustentável um tema de difícil percepção e entendimento dos eleitores. Marina, no entanto, foi dura com Haddad ao encará-lo de frente e dizer que o petista tem vergonha em reconhecer as mazelas dos governos petistas que afundaram o país. Marina ainda passa a imagem de uma personalidade fraternal mas seu encanto como política diminuiu bastante nesta campanha eleitoral.
Quem também saiu-se bem no debate foi o candidato do PSOL, Guilherme Boulsos, incisivo, determinado, com teses até acveitáveis como tratar a segurança pública/violência como um caso de saúde pública/educação ao invés de mais armas e repressão com mortes, mas está tão abaixo da média nas pesquisas de opinião pública que nada mudará para ele salvo lançar uma semente para o futuro.
Quanto às críticas a Jair Bolsonaro todas elas foram pertinentes ainda que, a ausência do candidato do PSL não significasse como tentaram passar isso na Globo, que estivesse de corpo presente na TV Record, uma vez que esta entrevista foi gravada na residência de Bolsonaro. Agora, o fato em sí de Bolsonaro não comparecer mereceu ser criticado e Ciro Gomes foi aquele que fez as mais duras crtíticas nessa direção.
Há de se dizer que o debate foi muito longo, tarde da noite e cansativo, mas, em nossa opinião foi bastante elucidativo e ajudou os eleitores a decidirem seus votos. Não há sinais de que possa mudar essa polarização acentuada que está a campanha na dupla Bolsonaro x Haddad, pois, dificilmente esse quadro mudará, porém, valeu e muito.