Política

CENTENÁRIO DO BATE FOLHA é exaltado na Assembleia em solenidade

Dia da Consciência Negra
Tasso Franco , da redação em Salvador | 25/11/2016 às 04:19
No Dia da Consciência Negra
Foto: BJÁ

“São 100 anos de luta, de concepção, formação, construção, edificações, respeito, realizações, resistência e de reconhecimento”. Foi assim que o presidente da Comissão de Promoção e Igualdade Racial da Casa Legislativa, Bira Corôa (PT), iniciou seu discurso sobre o centenário do Terreiro Bate Folha, durante a sessão especial em homenagem ao Dia da Consciência Negra.  No evento, proposto pelo petista, cânticos e danças do candomblé compuseram o cenário.

A sessão é um reconhecimento do Poder Legislativo pela contribuição civilizatória do candomblé e dos negros. Com depoimentos emocionados sobre o Terreiro homenageado, todos ratificaram que a democracia precisa do povo negro e que o combate ao racismo é uma agenda atual e importante para a inclusão. 

Para a deputada Fátima Nunes (PT), é muito importante ter protagonistas negros, que possam tirar as pessoas do lugar comum e que fale dos direitos. 

RECONHECIMENTO

A sessão solene abriu a programação ao centenário do Terreiro, visando resguardar a memória do Bate Folha, assim como destacar a atuação do fundador da casa, Tata Ampumandezu, Manoel Bernardino da Paixão, um dos pioneiros na preservação da tradição do candomblé Congo-Angola no Brasil. 

“É um dever e uma honra propor esta sessão. O Bate Folha é um dos pilares na salvaguarda do culto afro-brasileiro e merece todas as deferências”, reflete o deputado Bira Corôa.

O sacerdote Tata Muguanxi, Cícero Lima, homenageado da sessão, frisou que o momento é de celebrar as folhas, o vento, as águas, a terra, o fogo e todos os elementos que dão vida à natureza, bem como agradecer e renovar a fé em todos os Nkises, reverenciando Mbamburucema, a grande representação da casa. 

BATE FOLHA

Reconhecido como Território Cultural Brasileiro pela Fundação Palmares, e como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Terreiro do Bate Folha, ou Mansu Bandu Kenkê (Manso Banduquenqué), é um importante centro de culto afro-brasileiro de Nação Congo-Angola (ou apenas Angola), localizado no bairro de Mata Escura, em Salvador. 
O trabalho com as folhas, cultivadas na mata sagrada (manhonga), deu nome ao terreiro. A valorização e o cultivo do conhecimento associado à flora pelos membros do terreiro fazem desse lugar, além de um centro cultural e espiritual, um espaço de preservação ambiental. O Bate Folha destaca-se pela enorme área ocupada por remanescente da Mata Atlântica, cerca de 70% da área total, onde estão árvores sagradas centenárias.