Com informações do Globo.com
Da Redação , Salvador |
16/07/2016 às 14:04
Militares presos em Ancara
Foto: Reuters
ANCARA — Após ter enfrentado uma sangrenta tentativa de golpe militar, o governo turco caça os revoltosos envolvidos nos confrontos que deixaram 265 mortos na última madrugada. Nesta manhã, o premier Binali Yildirim anunciou a prisão em massa de 2,8 mil militares, em repressão ao que chamou de uma mancha na democracia turca. Em comunicado, os EUA se colocaram à disposição para apoiar as investigações sobre o caso.
Apoiadores do presidente Recep Tayyip Erdogan protestam em frente ao consulado turco em Stuttgart, Alemanha
Líderes mundiais condenam tentativa de golpe na Turquia
Neste sábado, mais de 2,7 mil juízes foram destituídos dos seus cargos após a iniciativa dos militares — além de cinco dos membros do alto conselho jurídico turco. O Ministério de Interior da Turquia, Efkan Ala, ordenou a destituição de cinco generais e 29 coronéis.
O governo declarou ter controlado completamente a tentativa de golpe, após as forças de segurança terem completado uma operação em um quartel general de Istambul. Mais cedo, o ministro turco dos Assuntos Europeus, Omer Celik, afirmou que comandantes militares estavam sendo mantidos reféns pelos insurgentes.
Com o avanço do controle do governo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, militares chegaram a abandonar seus tanques em rendições em massa. Na véspera, o líder pediu que os turcos saíssem às ruas para resistir à tentativa de derrubá-lo do poder — um apelo que levou milhares de civis a protestos e confrontos envolvendo a polícia e os militares.
Yildirim chamou os insurgentes de terroristas neste sábado. Ele acusou o grupo militante curdo PKK de participar da iniciativa contra o governo e defendeu que seja realizada uma "limpeza" no Exército. Chamando a tentativa de golpe de uma mancha negra na democracia turca, o premier disse que a pena de morte não seria descartada como punição aos rebeldes, embora atualmente não esteja prevista na Constituição.
Em uma viagem a Luxemburgo, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou que esperava a realização de um processo constitucional para punir os insurgentes.
— Tenho certeza que as pessoas se perguntarão sobre as alegações contra quem instigou isso e de onde o apoio veio — disse. — Os EUA obviamente apoiarão qualquer esforço legislativo legítimo e, sob o devido processo e dentro da lei, assistirão o governo da Turquia se assim for pedido.
Na véspera, Barack Obama emitiu um comunicado em apoio ao governo democraticamente eleito na Turquia. O presidente pediu moderação para que um banho de sangue fosse evitado. Mas a madrugada foi de intensos confrontos entre civis, policiais e militares armados. Pelo menos 265 pessoas morreram e outros 1.440 ficaram feridos, segundo Yildrim.
Imagens da madrugada mostraram civis enfrentando tanques e hostilizando militares, enquanto explosões e trocas de tiros criavam um cenário de caos em Istambul e Ancara.