Política

CMS FAZ homenagens à luta antimanicomial e ao combate à homofobia

Eventos foram promovidos pelas vereadoras Aladilce Souza e Vânia Galvão
Limiro Besnosik , da redação em Salvador | 19/05/2016 às 18:57
As sessões fezeram homenagens específicas
Foto: Reginaldo Ipê

A luta antimanicomial e o combate à hemofobia foram temas de suas sessões especiais realizadas pela Câmara de Salvador. O primeiro assunto foi tratado na manhã desta quinta-feira, 19, com homenagem também ao professor e psicólogo Vinicius Matraga, ativista da reforma psiquiátrica assassinado no início do ano. A reunião, realizada no plenário da CMS, tendo como fundo a letra da música “Maluco Beleza”, de Raul Seixas.

Aladilce Souza (PCdoB), propositora do evento, lembrou a tradição da Casa Legislativa de celebrar o 18 de maio há 16 anos. No Legislativo soteropolitano a trajetória de luta começou pelos ex-vereadores Iolanda Pires, Juca Ferreira e Zezéu Ribeiro, passando por Gilmar Santiago (PT) até chegar à comunista.

“O 18 de maio pode ser comemorado todos os dias. Dia para lutar contra o preconceito, a discriminação e reivindicar direitos, acesso à saúde e acolhimento. Essa caminhada tem a marca e a força de Marcus Vinicius Matraga. Ele continua entre nós e nos dá força para seguir nessa luta por uma vida sem manicômios”, disse ela.

Superintendente de Atenção Integral à Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), José Raimundo Mota de Jesus, avaliou que a tendência é de extinção dos hospitais psiquiátricos na Bahia. “Para isso, os municípios terão que sustentar os CAPs (Centros de Atenção Psicossocial) e investir nas resistências terapêuticas”, defendeu.

As ações realizadas pela prefeitura foram destacadas pela coordenadora de Atenção Psicossocial da Secretaria Municipal da Saúde, Teresa Paula Costa. “O Município realizou uma vasta programação, promovendo discussões sobre a Luta Antimanicomial. É a hora para construções e avanços. Um importante momento foi o primeiro Seminário de Saúde Mental, do Conselho Municipal de Saúde, na semana passada, além da estruturação dos CAPs em Salvador. Sabemos que temos muito a progredir, mas já avançamos muito”, pontuou.

Menos violência

O combate à homofobia foi debatido na noite de quarta-feira, 18, por iniciativa da presidente da Comissão de Reparação da Casa, Vânia Galvão (PT). O tema foi “A inserção da população LGBT no mundo do trabalho: enfrentando a violência e as desigualdades” e discutiu também políticas públicas voltadas para a afirmação dos direitos de gênero e redução da violência contra o público de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT).

“Aproveitamos esse dia para discutirmos e reafirmarmos a nossa luta por políticas públicas inclusivas. Esse governo que assumiu agora de forma golpista é excludente e machista e precisamos mais do quê nunca discutir políticas de gênero e defender nossos direitos”, disse a petista.

Ela destacou entre suas ações na área, um projeto de lei que visa capacitar LGBTs para atuarem no receptivo a turistas. “Esse é o público responsável por 15% do movimento do turismo mundial, com disponibilidade para viajar duas vezes por ano e com gastos diários superiores a 200 dólares. Capacitar um receptivo para atuar com este público tem tido efeito positivo no Rio de Janeiro”, explicou.

Hilton Coelho (Psol) destacou a atuação de Vânia como representante da causa na Câmara Municipal: “Com tantos debates acontecendo e lutas, a população está cada vez mais consciente e se enchendo de ação crítica. Hoje é mais difícil as pessoas adotarem uma postura discriminatória do que a 10 anos atrás”.

Preconceito

O presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, disse que esta é uma data importante para ser lembrada. “Todos os oprimidos tem seu dia de luta. Tivemos muitos avanços desde a fundação do GGB em 1980, mas ainda temos muito que caminhar e incentivar que as pessoas assumam suas bandeiras e se assumam”, frisou.

Ele afirmou que no ano passado 310 homossexuais foram vítimas de homicídio no Brasil. Para o ativista é difícil determinar a causa do preconceito: “Temos na mesma caixinha homossexuais negros, brancos, ricos, pobres. A discriminação não bate da mesma forma para todo mundo”.

Já a coordenadora do Fórum Encontro de Lésbicas e Mulheres Bissexuais da Bahia (Enlesbi), Amélia Maraux, acredita que a causa do preconceito está no conservadorismo político e no fundamentalismo religioso. “Essas são também as principais causas que impedem que tenhamos avanços com projetos de leis nas nossas Câmaras e Congresso”, disse.