Uma grande homenagem aos repórteres fotográficos e um de seus melhores representantes, Anízio Carvalho, foi o que se viu na manhã desta sexta-feira, 18, na Câmara de Salvador, durante sessão especial requerida e presidida pela vereadora Aladilce Souza. Natural de Conceição de Feira, aos 85 anos, o profissional recebeu o título de Cidadão Soteropolitano, honraria proposta pelo hoje deputado estadual Alan Sanches, mas que não pode ser entregue antes por motivo de doença do fotojornalista.

Segundo Aladilce, que entregou o título, junto com a esposa de Anízio, Terezinha Carvalho, a homenagem foi sugerida por jornalistas, ex-colegas do fotógrafo, que destacaram sua contribuição para o fotojornalismo baiano, a importância de seu acervo e os ensinamentos deixados para a categoria. “Ao iniciar a divulgação dessa sessão, recebemos diversas manifestações dizendo o quanto ela era justa e oportuna, confirmando a importância deste profissional para a categoria como colega e pessoa”, afirmou a comunista.

Filha de fotógrafo, Aladilce levou para o Plenário Cosme de Farias a máquina em que seu pai a ensinou a fotografar e explicou como a história de Anízio a emocionava por lembrá-la da sua própria trajetória. Ela homenageou ainda todos os repórteres fotográficos de Salvador, com menção especial aos servidores da Secom, Reginaldo Ipê, Valdemiro Lopes e Antônio Queirós.

Anízio possui um acervo com mais de seis mil negativos com fotos importantes do período militar, de campanhas políticas e de fatos históricos da Bahia. “Agora que tomamos conhecimento da importância deste acervo, vamos nos esforçar para dar um destino e preservar esse material”, defendeu Aladilce.

“Eu venci”

“Esta homenagem veio selar a minha história, marcada pela vontade de vencer. Eu me sinto orgulhoso e isso também envaidece a minha família. Saí de Conceição de Feira aos 14 anos e hoje estar sendo homenageado nesta Casa, para mim, significa que eu venci”, afirmou o homenagedado.

Ele iniciou a carreira no Jornal da Bahia, em 1957. Sua trajetória foi marcada por fotos emblemáticas, como o “Joelho Imperial”, quando, durante a visita da rainha inglesa Elisabeth, em 1960, conseguiu flagrar as pernas da soberana ao entrar no carro. Mas o flagrante que não fez foi o que mais o marcou: ele presenciou a morte do guerrilheiro Carlos Lamarca, em Brotas de Macaúbas, em 1971, mas foi impedido de registrar o momento por soldados do Exército.

“Meu pai é feito dos personagens que ele fotografou durante a vida. Do simples mendigo ao general, da rainha Elizabeth à Mulher de Roxo”, destacou o filho de Anízio, Juarez Carvalho.

“Anízio é um ícone do fotojornalismo. Com mais de 60 anos de atividades ele teve a oportunidade de testemunhar fatos que entraram para a história e foram registrados por suas lentes. Ele foi um dos poucos que teve a sabedoria de guardar os negativos que são verdadeiras relíquias para a memória do estado”, disse o presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Walter Pinheiro.

“Um texto, por mais bem escrito que seja, jamais será realista se não estiver associado a uma imagem. Anízio teve uma carreira brilhante, mas nunca conheci uma pessoa com a humildade dele”, reconheceu a jornalista Jaciara Santos, que falou em nome dos amigos.

A mesa de trabalho também foi composta pelo presidente da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Brasil (Arfoc), Luiz Hermano; pela presidente do Sindicato de Jornalistas da Bahia (Sinjorba), Marjorie Moura; pelo presidente da Arfoc-Bahia, Roque Leônidas; e pelo jornalista e ex-deputado federal, Emiliano José.